A Rússia quer retirar à Ucrânia a sua central nuclear em Zaporijia, a maior da Europa, ocupada pelo exército russo, a menos que Kiev pague a Moscovo pela eletricidade produzida, anunciou esta quarta-feira o vice-primeiro-ministro russo, Marat Khousnullin.

Esta declaração junta-se a outras avançadas pelas autoridades russas nas últimas semanas, sugerindo que a Rússia está a preparar uma ocupação de longo prazo ou mesmo a anexação das áreas que controla no sul da Ucrânia: a região de Kherson e uma parte significativa de Zaporijia.

Se o sistema de energia da Ucrânia está pronto para receber e pagar, [a central] poderá regressar [às mãos] da Ucrânia. Se [a Ucrânia] não aceitar, (a central) vai passar para a Rússia”, afirmou Khousnoulline, durante uma visita feita na quarta-feira à instalação nuclear e esta quinta-feira citado pelas agências de notícias russas.

“Temos muita experiência com centrais nucleares, temos empresas na Rússia que têm essa experiência, não há dúvida de que (a de Zaporijia) vai continuar a funcionar”, disse.

A agência nuclear ucraniana, a Energoatom, garantiu esta quinta-feira de manhã que a central nuclear continua a fornecer eletricidade à Ucrânia.

Os russos “não têm capacidade técnica para fornecer energia a partir da central nuclear de Zaporijia”, garantiu o porta-voz da Energoatom, Leonid Oliynyk, citado pela agência de notícias francesa AFP.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Isso requer tempo e dinheiro. É como construir uma ponte na Crimeia. E daqui a um mês ou dois vamos retomar o controlo ucraniano sobre tudo”, acrescentou.

Segundo o porta-voz, “ninguém vai ter de comprar nada deles [russos]”.

Oliynyk assegurou ainda que a Rússia não tem capacidade para cortar a eletricidade das regiões da Ucrânia que não estão sob controlo russo, até porque “todos os equipamentos necessários estão sob controlo ucraniano”.

Em 2021, ou seja, antes da ofensiva russa contra a Ucrânia lançada em 24 de fevereiro, a central de Zaporijia era responsável por 20% da produção anual de eletricidade da Ucrânia e por 47% da produzida pelo parque nuclear ucraniano.

Marat Khousnullin afirmou ainda que a Rússia está naquela região da Ucrânia para ficar, o que parece implicar uma anexação da zona.

“Considero que o futuro desta região é trabalhar dentro da simpática família russa. Por isso vim, para ajudar ao máximo a integração”, adiantou o vice-primeiro-ministro russo.

As autoridades russas e pró-Rússia colocadas na Ucrânia por Moscovo também disseram, na semana passada, que a região ucraniana de Kherson será, provavelmente, anexada pela Rússia.

Rússia prepara referendos em Kherson e Zaporijia, dizem autoridades ucranianas