A empresa russa Gazprom anunciou a suspensão do fornecimento de gás à Finlândia, justificando-a com a recusa de Helsinquia em pagar em rublos. A Gazprom não recebeu pagamentos em rublos da companhia energética pública finlandesa Gasum até à data limite de 20 de maio e “parou completamente os seus fornecimentos de gás”, afirmou o gigante de gás russo em comunicado.

Antes, a companhia finlandesa Gasum tinha revelado que a gigante russa do gás lhe cortara o fornecimento, tal como anunciado na sexta-feira, por não satisfazer a exigência de pagar em rublos. Esta suspensão acontece numa altura em que a Finlândia já formalizou o pedido de adesão à NATO, na sequência da invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de fevereiro.

Após a invasão e da imposição de sanções pelo ocidente, o Presidente russo, Vladimir Putin, exigiu aos compradores de gás dos países “inimigos” que passassem a pagar em rublos para contas bancárias escolhidas pelo regime de Moscovo, sob pena de lhe ser cortado o fornecimento. A lista dos “países inimigos”, publicada no início de março, inclui os Estados Unidos, os estados-membros da União Europeia, o Reino Unido, o Canadá, o Japão, a Suiça, Taiwan, Coreia do Sul, Noruega e Austrália. Os membros da UE são os princpiais consumidores do gás russo.

“A partir de abril, os pagamentos pelo fornecimento de gás devem ser efetuados em rublos, utilizando-se novas coordenadas bancárias, de que os parceiros foram informados em tempo oportuno”, exigiu a Gazprom. Com esta decisão, a Finlândia perde o seu maior fornecedor de gás natural, dado que a Gazprom fornecia cerca de 92% de todo o gás consumido no país nórdico, principalmente na indústria florestal e no processamento químico.

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A Finlândia importou cerca de 2,2 mil milhões de metros cúbicos de gás natural em 2021, com um custo de 927,5 milhões de euros, embora este combustível represente apenas 5% de toda a energia consumida no país nórdico. Segundo a Gasum, o maior distribuidor de gás natural liquefeito (GNL) nos países nórdicos, nos próximos meses fornecerá aos seus clientes gás natural de outros fornecedores através do gasoduto Baltic Connector.

Indicou também que a sua rede de estações de abastecimento de gás continuará a funcionar normalmente.

Numa tentativa de reduzir a dependência do gás russo, a Finlândia acordou há um mês com a Estónia o uso conjunto de um terminal flutuante de gás natural liquefeito (GNL) neste outono, onde será armazenado o gás trazido por navios de outros países produtores de gás.

A Finlândia é o terceiro país da UE, depois da Polónia e da Bulgária, a deixar de receber gás russo porque não quer ceder às exigências de Moscovo de que o pagamento seja efetuado em rublos para tentar travar o colapso da sua moeda. No caso da Finlândia, que se candidatou formalmente à adesão à NATO na quarta-feira, ignorando as ameaças do Kremlin, o corte do fornecimento de gás russo vem juntar-se ao corte do fornecimento de eletricidade.

Há apenas uma semana, a empresa russa de energia Inter RAO deixou de fornecer eletricidade ao mercado finlandês, citando “problemas em receber pagamentos” devido a sanções europeias, embora vários peritos no país nórdico o tenham atribuído a razões políticas.