O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, saudou esta terça-feira o acordo “razoável” alcançado esta madrugada pelos líderes europeus, de embargo parcial do petróleo russo, lembrando as “longas e difíceis discussões diplomáticas”.

“[Tivemos] boas notícias ontem. […] Tarde — como sempre — mas conseguimos e agora já temos um plano para proibir 90% das importações de petróleo para a UE, [pelo que] no final deste ano, estaremos a comprar menos 90%, embora com algumas exceções para os países sem litoral”, declarou o Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança.

Falando à chegada do segundo dia de cimeira europeia extraordinária, em Bruxelas, Josep Borrell classificou o acordo como “uma forma razoável de sair da discussão“, após vários dias de “longas e difíceis discussões diplomáticas”, cabendo então aos líderes europeus “finalizar as questões pendentes”.

“Este é mais um passo em frente, mais uma demonstração de unidade. Demora muito tempo na Europa a discutir e a chegar a acordo, porque exigimos unanimidade, mas penso que os esforços destes últimos dias têm valido a pena”, adiantou o chefe da diplomacia comunitária.

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Os chefes de Governo e de Estado da UE chegaram na segunda-feira à noite a acordo para um embargo parcial ao petróleo russo, estando em causa dois terços das importações europeias à Rússia.

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Depois de difíceis discussões na UE para avançar com um embargo gradual e progressivo ao petróleo russo, como proposto pela Comissão Europeia há quase um mês, o assunto esteve na agenda dos líderes europeus, havendo agora alterações face à proposta inicial, como de a medida abranger dois terços das importações europeias de petróleo russo, ou seja, todo o petróleo marítimo proveniente da Rússia.

Isto significa que tanto a Hungria como outros países mais dependentes do petróleo russo, como Eslováquia e República Checa, conseguem continuar a importar por via terrestre.

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Tais importações são feitas através do oleoduto de Druzhba, com uma extensão de 8.900 quilómetros e que sai da Rússia e chega até a Bielorrússia, onde se bifurca em dois ramais, um que abrange a Polónia e a Alemanha, países que se comprometeram a não o usar, e outro que chega à Ucrânia, Hungria, Eslováquia e República Checa.

Face às críticas destes países mais dependentes do petróleo russo, principalmente da Hungria, estão previstas ainda exceções temporárias para garantir a segurança do aprovisionamento de certos Estados-membros.

Fontes europeias explicaram que o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, solicitou aos seus homólogos a inclusão de uma cláusula de solidariedade e de emergência para Budapeste dar aval ao embargo, prevendo que, perante uma rutura do abastecimento através deste oleoduto, os outros Estados-membros ajudem o país para garantir aprovisionamento.

Em causa está o sexto e mais recente pacote de sanções contra a Rússia devido à invasão da Ucrânia, proposto pela Comissão Europeia no início de maio para uma eliminação total e gradual da importação de todo o petróleo russo, para assim reduzir a dependência energética europeia, estipulando também uma derrogação de um ano suplementar para Hungria e Eslováquia.

A guerra na Ucrânia expôs a excessiva dependência energética da UE face à Rússia, que é responsável por cerca de 45% das importações de gás europeias. A Rússia também fornece 25% do petróleo e 45% do carvão importado pela UE.

Esta terça-feira, neste segundo dia de cimeira, os líderes da UE vão discutir temas como energia, defesa e segurança alimentar global.