O nome é simples: Nothing. É essa a startup de gadgets lançada por Carl Pei, um dos co-fundadores da marca chinesa OnePlus, que desempenhará funções como diretor-geral da companhia. Num mercado atualmente dominado pela Samsung e pela Apple, as duas marcas mais vendidas a nível global, é a primeira vez em vários anos em que há uma nova marca a tentar chegar ao mercado.

A Nothing (nada, em português) vai lançar o seu primeiro smartphone, o Phone (1), em julho. A empresa divulgou esta quarta-feira o aspeto do telefone, que prima pela simplicidade, com uma capa totalmente transparente, que revela os principais componentes do equipamento.

Para embarcar nesta aventura de tentar competir no mesmo mercado que as gigantes da indústria, a Nothing tem alguns investidores de peso. O jornal britânico Financial Times nota que a empresa conquistou 200 milhões de dólares em financiamento, 190,85 milhões de euros à atual conversão. A lista de investidores inclui nomes como o braço de capital de risco da Alphabet, a empresa-mãe da Google, a sueca EQT Ventures (que tem também a portuguesa Codacy no portefólio de investimentos) ou ainda Tony Fadell, o antigo designer da Apple e um dos nomes responsáveis pelo iPod.

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Todos estes nomes estão a apostar que Carl Pei consiga repetir a façanha da OnePlus e que não siga o mesmo rumo de outras startups que tentaram lançar novos telefones. Andy Rubin, co-fundador do sistema operativo móvel mais usado do mundo, o Android, tentou com a sua startup Essential, que curiosamente até tinha um valor mais elevado de financiamento, na ordem de 330 milhões de dólares, pouco mais de 316 milhões de euros. A aventura de Rubin acabou em 2020, depois do lançamento de um telefone em 2017, com vendas na ordem das 100 mil unidades.

Ao Financial Times, Carl Pei, da Nothing, tenta estabelecer diferenças entre o seu caso e o de Andy Rubin, notando que tem um “‘background mais focado em hardware, enquanto [Rubin] sempre esteve mais centrado no software”. Mas também nota que “pessoas com mais credibilidade tentaram e falharam… Subestimaram a complexidade da indústria”.

Atualmente, o mercado de smartphones está concentrado num número de marcas que podem ser contadas pelos dedos de uma só mão: Apple, Samsung e Xiaomi, com alguns mercados a incluir também marcas como a Oppo ou a TCL. Em Portugal, de acordo com os números mais recentes da consultora IDC, no primeiro trimestre do ano a Samsung era a marca mais vendida, logo seguida pela chinesa Xiaomi. O restante pódio é composto pela Apple, Alcatel/TCL e pela Oppo.

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Noutros mercados, é ainda visível a presença da OnePlus, a marca justamente co-fundada por Carl Pei, que pertence ao grupo BBK Electronics – o mesmo que controla a Oppo, Realme ou a Vivo, marca que entrou em Portugal este ano.

Os telefones da Nothing vão ser produzidos em Shenzhen, um dos principais locais da indústria de smartphones na China, com as equipas de design e marketing na Europa. Haverá ainda equipas da Nothing distribuídas por outros pontos do globo, desde a Índia até Taiwan.

Antes dos smartphones, a startup testou as águas com o lançamento de uns auriculares sem fios, que recorrem também ao mesmo design transparente que marcará o futuro telefone. Segundo os dados revelados ao Financial Times, a empresa já vendeu 530 mil unidades dos Ear (1) desde que a venda ao público arrancou, em agosto do ano passado.

Este resultado terá ajudado a provar à indústria o potencial da empresa, defende o CEO. Ainda assim, o lançamento do telefone, no próximo mês, será feito num momento em que a indústria continua a ser afetada pelos constrangimentos nas cadeias de produção e logística.

O lançamento oficial do Phone (1) está marcado para 12 de julho. Este smartphone contará com um processador Snapdragon da Qualcomm e recorrerá a uma versão modificada do sistema Android, com o nome Nothing OS.