O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou os novos ataques da rebelião do Movimento 23 de Março (M23) na República Democrática do Congo (RDCongo).

A Missão da ONU na RDCongo (MONUSCO) “continua a apoiar o exército congolês na luta contra o M23 e na proteção dos civis afetados pelos confrontos, de acordo com o mandato e em conformidade com a política de devida diligência em matéria de direitos humanos”, sublinhou, na segunda-feira, Guterres.

O M23 havia sido derrotado em 2013, mas voltou novamente a pegar em armas no final de 2021.

Desde então, o M23 tem atacado posições da MONUSCO em Shangi, na província de Kivu do Norte, e conquistou em 13 de junho o posto fronteiriço de Bunagana, entre a RDCongo e o Uganda.

Guterres apelou a todos os grupos armados congoleses para “participarem incondicionalmente no Programa de Desarmamento, Desmobilização, Recuperação Comunitária e Estabilização, e aos grupos armados estrangeiros para que deponham imediatamente as armas e retornem aos países de origem”.

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Também na segunda-feira, os líderes da Comunidade da África Oriental concordaram, em Nairobi, em criar uma força regional para tentar acabar com o conflito no leste da RDCongo.

Segundo uma nota, divulgada pela Presidência queniana, que organizou a cimeira, os “chefes de Estado exigiram a aplicação imediata de um cessar-fogo e que a cessação das hostilidades comece imediatamente”.

A RDCongo acusou o Ruanda de apoiar os rebeldes, maioritariamente da etnia tutsi, algo que o Ruanda tem reiteradamente negado.

O Presidente queniano, Uhuru Kenyatta, anfitrião da cimeira e que preside atualmente a Comunidade da África Oriental, pediu na semana passada o envio de uma força regional para o leste da RDCongo para restaurar a paz.

Participaram na cimeira os Presidentes da RDCongo, Félix Tshisekedi, do Ruanda, Paul Kagame, do Uganda, Yoweri Museveni, do Burundi, Evariste Ndayishimiye, e Sudão do Sul, Salva Kiir, bem como o embaixador da Tanzânia Stephen Simbachawene.

As relações entre a RDCongo e o Ruanda passaram por momentos de crise desde a chegada em massa ao leste do primeiro país de hutus ruandeses acusados de massacrar os tutsis durante o genocídio ruandês de 1994.

O M23 é acusado, desde novembro de 2021, de realizar ataques contra posições do Exército da RDCongo na província de Kivu do Norte, apesar de as autoridades de Kinshasa e o M23 terem assinado um acordo de paz em dezembro de 2013, depois dos combates registados desde 2012 com os militares da RDCongo, apoiados por ‘capacetes azuis’ das Nações Unidas.

Especialistas da ONU acusaram o Uganda e o Ruanda de apoiar os rebeldes, mas os dois países rejeitaram a acusação.