Sete municípios, três universidades e outras entidades públicas e privadas do norte do país vão celebrar, na terça-feira, em Amarante, um protocolo para as comemorações do centenário do nascimento de Agustina Bessa-Luís.

De acordo com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Norte, o consórcio será liderado pela Câmara de Amarante, de onde é natural a autora, contando com a participação dos municípios de Baião, Esposende, Porto, Póvoa de Varzim, Peso da Régua e Vila do Conde.

As universidades do Porto (UP), Minho (UM) e Trás-os-Montes (UTAD) também integrarão a parceria, acompanhadas pela Direção Regional de Cultura do Norte, Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte, Fundação de Serralves e RTP.

Nos termos do protocolo, refere-se que “Agustina Bessa-Luís é autora de uma obra literária de valor ímpar na língua e cultura portuguesas”, constituindo “um património de desenvolvimento cultural, artístico, educativo e turístico que justifica um trabalho e um investimento estruturado de valorização, investigação, mediação e promoção, a empreender pelos poderes públicos e instituições da região norte, de modo desejavelmente articulado e integrado”.

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O consórcio propõe-se organizar “uma agenda de iniciativas culturais, artísticas, científicas e de promoção da vida e obra de Agustina Bessa-Luís, no âmbito do centenário do seu nascimento, a realizar predominantemente entre 15 de outubro de 2022 e 15 de outubro de 2023”.

Na cerimónia, que decorrerá no Museu Municipal Amedeo de Souza-Cardoso, será também apresentado o “plano de ação” das comemorações.

A CCDR-N e a Direção Regional de Cultura do Norte consideram que este centenário “é especialmente importante e simbólico”, porque, lê-se numa nota enviada à Lusa, “Agustina é a principal criadora literária do século XX a norte, e a que melhor encarna a geografia e a cultura da região, com múltiplas ramificações”.

Assinala-se, também, que Agustina é “uma das grandes autoras no feminino” e “a sua valorização é uma oportunidade de posicionar o norte como região criativa e território literário”.

Nascida em 1922, em Vila Meã, Amarante, a escritora Agustina Bessa-Luís morreu em 03 de junho de 2019, aos 96 anos.

Destacou-se em 1954, com a publicação do romance “A Sibila”, que lhe valeu os prémios Delfim Guimarães e Eça de Queiroz, sendo galardoada em 2004 com os Prémiso Camões e Vergílio Ferreira.

Entre muitas outras distinções, recebeu igualmente o Grande Prémio de Romance e Novela, da Associação Portuguesa de Escritores, em 1983, pela obra “Os Meninos de Ouro”, e, em 2001, por “O Princípio da Incerteza I — Joia de Família”.

Foi distinguida pela totalidade da sua obra com o Prémio Adelaide Ristori, do Centro Cultural Italiano de Roma, em 1975, e com o Prémio Eduardo Lourenço, em 2015.

Foi condecorada como Grande Oficial da Ordem de Sant’Iago da Espada, de Portugal, em 1981, elevada a Grã-Cruz em 2006, e com o grau de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras, de França, em 1989, tendo recebido a Medalha de Honra da Cidade do Porto, em 1988.