O Partido de Renovação Social (PRS), oposição angolana, condenou e considerou esta terça-feira “um grande erro” a realização de orações na sala principal do plenário da Assembleia Nacional (parlamento), exortando a direção o órgão legislativo a “pedir desculpas”.

Com certeza é necessário que a direção do parlamento se pronuncie a pedir desculpas porque foi um grande erro ser permitido que se fizessem orações na sala do plenário”, afirmou à Lusa o deputado do PRS Benedito Daniel.

“Não condenamos as orações, mas condenamos o ato porque as coisas devem ser separadas. As orações têm os seus lugares, portanto os lugares das orações são as igrejas e quanto no mínimo em casa das pessoas”, observou.

Para o também presidente do PRS, terceiro maior partido na oposição com assento parlamentar, a Assembleia Nacional “é um órgão de soberania e não pode ser transformado em uma igreja, isto é para todos os efeitos condenável”.

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Um vídeo colocado a circular nas redes sociais em Angola apresenta um grupo de mais de uma dezena de religiosos, maioritariamente ajoelhados, a fazerem orações na sala principal do plenário do parlamento angolano, em Luanda.

A UNITA, maior partido na oposição, exigiu, na segunda-feira, ao presidente do parlamento angolano que apure responsabilidades sobre a “cerimónia religiosa secreta” realizada na sala do plenário do órgão legislativo, considerando-a como o “cúmulo da promiscuidade” entre Estado e religião.

O grupo parlamentar da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) considerou também que a realização da referida cerimónia, “a favor da campanha dos candidatos a Presidente da República e deputados à Assembleia Nacional (parlamento) do partido do regime para as eleições de 24 de agosto representa a ‘coisificação’ da fé”.

“Assim como a instrumentalização da religião para propósitos contrários à doutri na social da igreja”, lê-se numa nota de imprensa do grupo parlamentar da UNITA divulgada.

Segundo a UNITA, a cerimónia foi realizada na semana passada e os seus promotores “demonstraram, mais uma vez, desrespeito à Constituição da República e à lei”.

O político do PRS reprovou o ato, referindo que os pastores estão errados, mas estes, salientou, tiveram acesso à sala principal do plenário com “conivência da administração do parlamento angolano”.

Com certeza que houve conivência (da administração do parlamento), porque achamos que houve algum pedido e o mesmo foi autorizado, razão pela qual eles foram lá fazer as orações, porque se não fossem autorizados eles encontrariam um outro lugar”, concluiu Benedito Daniel.