A jornalista e pivô Judite Sousa anunciou que “denunciou”, há mês e meio, o contrato com o canal de televisão CNN Portugal. A novidade foi dada pela própria nas redes sociais numa resposta a uma das suas seguidoras: “Denunciei o meu contrato a recibos verdes há mês e meio”. A revelação apanhou os colegas de surpresa, incluindo a própria direção da TVI/CNN. Nuno Santos disse esta terça-feira que soube pelas redes sociais e que a jornalista “está de baixa até dia 11 de agosto”. Pedro Mourinho também está de saída do canal, mas recusa fazer comentários.

Afastada dos ecrãs há mais de um mês devido a baixa, Judite Sousa diz agora que já não é mais “figura pública”. “Há um mês e meio que sou uma cidadã portuguesa que faz a sua vida e paga os seus impostos”, escreveu.

A jornalista foi um dos nomes que se juntou à equipa da CNN Portugal, no início da emissão do canal, em novembro de 2021. Foi, aliás, o primeiro rosto da estação, dividindo a apresentação do “Jornal da CNN” às 21 horas com Júlio Magalhães alternando semanalmente.

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Antes disso, Judite Sousa esteve oito anos na TVI, após ter estado 30 anos na RTP.

Nuno Santos diz que “se há algo a apontar” é o “apoio excessivo por contraponto com outros”

O diretor de informação da TVI/CNN, Nuno Santos, multiplica-se na antena da TVI para dar explicações sobre a saída de Judite Sousa. Nuno Santos começou a manhã com uma ligação em direto ao programa Dois às 10, na TVI, e mais tarde aproveitou o Jornal da Uma, no mesmo canal, para frisar que a direção foi surpreendida pelo anúncio da jornalista nas redes sociais.

O diretor de informação da TVI/CNN, Nuno Santos, diz que a empresa teve conhecimento na segunda-feira “pelas redes sociais” de que a jornalista “terá denunciado o contrato”: “Para nós isso é uma novidade”.

“Não é essa a informação que temos aqui, a Judite tem um contrato de prestação de serviços com a TVI e com a CNN e está de baixa médica até ao próximo dia 11 de agosto“, disse Nuno Santos.

Recusando que a jornalista tenha sido “enviada para a guerra na Ucrânia sem seguro”, Nuno Santos diz também que tal insinuação “não é verdade”. O diretor de informação rejeita liminarmente que a cara da CNN tenha estado “em Lviv sem seguro” ou sem “condições para trabalhar”: “Isso não tem correspondência com a verdade.”

Relativamente ao contrato de prestação de serviços, Nuno Santos esclareceu que “correspondeu aos desejos” da jornalista e que quando eclodiu a guerra na Ucrânia foi Judite Sousa a “disponibilizar-se de imediato” para ir para o terreno.

Sobre não ter sido dado o apoio necessário à jornalista, Nuno Santos diz que a empresa “nunca se pronunciou” sobre toda a situação “porque o que a Judite fez na casa merece muito apreço”, mas recusa que alguma vez “não tenham sido dadas condições” à jornalista para trabalhar.

“A Judite escolheu a equipa, demos-lhe todo o apoio ao longo desse processo. Se há alguma circunstância que pode ser apontada foi a de termos tido apoio excessivo por contraponto com outros“, acrescentou Nuno Santos.

“Não podemos deixar que se digam mentiras sobre o que está a acontecer, não permitiremos que aconteça. Tenho obrigação de defender a equipa, de nos defender. A qualquer momento, em qualquer circunstância, sempre que alguém que tem responsabilidades entender que deve voltar para esclarecer os espectadores sobre o que é verdade e está a acontecer aqui estaremos”, disse ainda o diretor dos canais de televisão.

Judite Sousa responde a Nuno Santos garantindo ter tido que pedir dinheiro a colega de equipa na Ucrânia

Depois de Nuno Santos ter rejeitado que Judite de Sousa tenha estado “em Lviv sem seguro”, a jornalista reagiu nas redes sociais e garantiu que manifestou “vontade” em ir para a Ucrânia sabendo que “não tinha contrato de trabalho”. Porém, a pivô afirmou que desconhecia “que não tinha seguro de saúde”.

“A empresa, ao dar conta do problema, elaborou um contrato de trabalho com uma duração de 30 dias. Acontece que o erro já estava feito. Eu estava ausente do país e esse documento nunca existiu à face da lei porque nunca foi assinado por mim. Sem dinheiro? Sim”, lê-se na publicação esta terça-feira colocada no Instagram.

Judite de Sousa revelou nunca ter visto “uma moeda ou uma nota ucraniana”. “Para beber uma água, tomar um café, almoçar, pedia ao jovem repórter de imagem que pagasse a minha despesa. E assim se passaram duas semanas. Com uma chamada de uma equipa médica de urgência ao hotel em Lviv onde fui injetada duas vezes. E foi esta a minha ‘guerra’”, denunciou.

No esclarecimento, a jornalista agradece a Mário Ferreira e Nuno Santos declarando que o seu “contrato de trabalho acabou mais cedo” por sua “e exclusiva iniciativa”. Ainda assim, revelou que excedeu “e muito” as suas funções contratuais: “Estive na noite eleitoral, no Jubileu de platina da rainha com 12 reportagens em 4 dias para não falar dos múltiplos diretos”.

Pedro Mourinho também está de saída

Judite Sousa não é a única jornalista de saída da estação. O jornalista Pedro Mourinho também vai deixar a CNN, estando a negociar uma possível “transferência” para a CMTV, uma notícia avançada pelo Expresso e confirmada pelo Observador.

Contactado pelo Observador, o jornalista não quis fazer comentários sobre o seu futuro. Pedro Mourinho, que surge no site da CNN Portugal como diretor executivo de novos formatos e talentos, foi um dos enviados especiais da CNN/TVI à guerra na Ucrânia. Em 2020, trocou a SIC, onde passou quase toda a sua vida profissional, pela TVI.

Notícia atualizada às 17h50 desta terça-feira, com declarações de Judite de Sousa na rede social Instagram