O unicórnio israelita HiBob escolheu o mercado português para instalar um hub para servir os clientes da região EMEA em duas componentes: na área de engenharia e na área de relacionamento com clientes. Lisboa, a capital do país, foi a cidade escolhida para este “hub”.

Ronni Zehavi, o CEO da empresa de software como serviço (SaaS) para a área de recursos humanos, explica como foi feita a abordagem ao mercado português. Habitualmente, na chegada a um novo mercado, a empresa opta por “boas aquisições ou parcerias” com empresas locais. No caso português, a companhia optou por uma “aquisição total” de uma empresa portuguesa ligada à mesma área. “Queríamos comprar uma empresa local”, explica o CEO da HiBob, referindo que desta forma a companhia não precisa de começar do zero em Portugal. A escolhida foi a Bugle, a companhia do economista e empreendedor João Ferro Rodrigues, que vai ser o responsável da HiBob para o mercado nacional.

“Eu e a equipa fomos convidados a integrar a HiBob”, diz João Ferro Rodrigues, notando que, desta forma, a companhia israelita arranca a atividade neste centro já com “15 pessoas”. O processo “decorreu de forma suave”, com a totalidade dos empregados da antiga empresa a transitar para a esfera da tecnológica estrangeira.

A HiBob não abre o jogo sobre o valor desta aquisição para a entrada em Portugal, mas Zehavi refere que foi uma “situação win-win para ambas as companhias”. “Também fez sentido para a HiBob ficar com a nossa companhia, com a plataforma”, explica João Ferro Rodrigues, enquanto Ronni Zehavi complementa que a “visão da empresa pode ser desenvolvida” através da HiBob.

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João Ferro Rodrigues explica que “não foi só a questão financeira” a pesar, mas também “o que permite trazer à cidade”. “Há razão para estar muito orgulhoso de uma empresa de tecnologia para recursos humanos querer vir para Portugal – e por tudo o que isso vai trazer para a cena tecnológica dos próximos anos”. “Este tipo de relações com um ecossistema tão avançado quanto o israelita – que na minha opinião é dos mais avançados – também é importante para o ecossistema português.”

A empresa de tecnologia para recursos humanos já tem 700 funcionários distribuídos pelos diferentes pontos do globo onde opera. Para esta localização em Lisboa, a empresa prevê “fechar o ano com 30 a 35 pessoas”. O objetivo mais redondo, traçado até ao final de 2023, aponta para a contratação de 70 pessoas para a operação portuguesa.

O “hub” vai ficar instalado na Avenida da Liberdade, uma solução que João Ferro Rodrigues acredita que seja suficiente “para os próximos 12 meses”. O processo de recrutamento para este centro já arrancou e neste momento estão vagas disponíveis para funções ligadas a engenharia e desenvolvimento, especificando a existência de vagas para gestão de produto ou design de produto. No site e no LinkedIn da companhia, estão disponíveis vagas em Lisboa para áreas como gestor de implementação, líder de equipa de engenharia ou engenheiro de software “backend” ou ainda engenheiro de software “frontend”.

Ronni Zehavi reconhece que o mercado está numa situação de instabilidade, mas que acredita no cenário de recuperação. O contexto macro-económico está a levar várias empresas, nomeadamente no setor tecnológico, a abrandar o ritmo de contratações ou mesmo a ter de fazer despedimentos. “Queremos ter mais pessoas e contratar mais, porque acreditamos que o mercado vai recuperar”, explica Zehavi. “Pode demorar um ano, um ano e meio, mas quando o mercado recuperar queremos estar numa posição em que seja possível ter vantagem”.

“Este vai ser o primeiro escritório formal fora de Tel Aviv a ter a área de investigação e desenvolvimento”, vinca João Ferro Rodrigues. Nesse sentido, “algumas das vagas que estavam disponíveis no geral para a Europa, acabaram por vir para Lisboa”, dando como exemplo os perfis mais ligados à área de marketing.

A empresa não está apenas interessada em tirar partido das potencialidades do talento português para este “hub”. Ronni Zehavi também destaca que, “quando tudo estiver instalado, também há clientes interessantes em Portugal” na mira da empresa.

A HiBob foi criada em 2015 e atingiu o estatuto de unicórnio – empresa privada avaliada em mais de mil milhões de dólares – no ano passado. A empresa ocupa o 68.º lugar da lista das 100 empresas de cloud da Forbes, ranking que inclui também as portuguesas Talkdesk e a Outsystems.

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