Primeiro o treinador, agora o diretor desportivo: o Famalicão anunciou na manhã deste sábado, através de um comunicado, a suspensão de Samuel Costa, no seguimento do processo disciplinar instaurado pelo Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol após terem sido apresentadas denúncias por parte de atletas a propósito de factos ocorridos entre 2019 e 2021, quando estava no V. Guimarães.

Samuel Costa foi alvo de acusações de assédio sexual. Esta é uma das alegadas mensagens que motivou as denúncias

“O Futebol Clube Famalicão vem comunicar a suspensão de funções por mútuo acordo e com efeitos imediatos do diretor desportivo Samuel Costa até que a verdade dos factos relativos ao processo instaurado ao mesmo pela Federação Portuguesa de Futebol sejam apurados. O Famalicão refere, uma vez mais, que censurará e não admitirá qualquer atitude de teor abusivo ou de desigualdade de género, fazendo tudo o que estiver ao seu alcance para erradicar tais comportamentos”, refere o texto.

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“Desde a sua criação que o projeto do futebol feminino foi sempre acarinhado e motivo de orgulho não é pelos resultados alcançados mas, mais importante ainda, pelos valores em que assenta e pelas condições que sempre foram dadas às atletas para potenciarem o seu máximo de rendimento desportivo. Ainda que curto, este projeto congratula-se do caminho percorrido em prol do crescimento da modalidade de futebol feminino e da dignificação da mulher. Por isso mesmo consideramos que as denúncias feitas ao diretor desportivo Samuel Costa e, anteriormente, ao treinador Miguel Afonso que dizem respeito a alegados factos ocorridos antes do início de funções no clube não devem ser, por qualquer forma, imputadas à instituição Famalicão nem aos seus adeptos e restantes pessoas que trabalham diariamente connosco trabalham para elevar este emblema”, acrescentou o Famalicão no mesmo comunicado.

Confrontado pelo Observador esta sexta-feira, Samuel Costa negou todas as acusações. “Vou-me defender. Nunca assediei ninguém. Vou-me defender até às últimas consequências”, disse. Antes, quando o jornal Público revelou as primeiras alegações relativamente a Miguel Afonso, treinador do Famalicão que também está suspenso, o dirigente desvalorizou a situação. “Houve umas empresárias de jogadoras que me deram conhecimento de um boato, sem qualquer tipo de prova. Ligaram-me com insistência na semana em que o treinador foi contratado para que fosse despedido. Questionámos o técnico, naturalmente, e ele garantiu-nos que era tudo mentira. Nós acreditámos”, tinha referido a esse propósito.

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De recordar que, esta sexta-feira, o Observador tinha revelado uma das mensagens que acompanhou as denúncias feitas à Federação Portuguesa de Futebol. Essa troca de mensagens no Facebook remonta à época 2020/21, quando Samuel Costa estava a desempenhar funções no V. Guimarães e antes de rumar ao Valadares Gaia e depois ao Famalicão. O diretor desportivo estava a falar com uma jogadora sobre uma outra atleta do plantel, referindo a intenção de “fazer-lhe muito sexo oral”. “Só penso numa coisa quando a vejo”, acrescentou. Na imagem vê-se nome e fotografia de Samuel Costa enquanto remetente das mensagens, sendo que as jogadoras envolvidas no caso não querem ser identificadas.