O Governo ucraniano parece ter uma preferência na corrida à sucessão de Liz Truss no cargo de líder do governo britânico. Nas últimas horas, a conta oficial do executivo ucraniano publicou — e depois apagou — um tweet de aparente apoio a Boris Johnson.

O tweet mostrava uma montagem que relacionava o antigo governante conservador, que saiu como primeiro-ministro fracassado depois de uma série de escândalos — mas que quer renascer a partir das cinzas do seu mandato interrompido —, com a série “Better Call Saul”, que explora uma das personagens da série “Breaking Bad”, o advogado Saul Goodman.

Na imagem partilhada via Twitter, Saul Goodman e Boris Johnson dividiam protagonismo. E no tweet lia-se: “Better Call Boris”. Em tradução livre: é melhor chamar o Boris.

Enquanto foi primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson foi um dos líderes políticos europeus que mais claramente manifestou o seu apoio à Ucrânia e a sua oposição a Vladimir Putin desde a invasão militar do Kremlin ao país vizinho, a 24 de fevereiro. Esse apoio foi manifestado em diversos discursos mas não apenas em palavras — o Reino Unido foi um dos países que mais apoiou a Ucrânia em material militar e na área da Defesa Nacional.

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Em maio de este ano, perto de três meses depois do início da guerra provocado por uma invasão militar em grande escala da Federação Russa à Ucrânia, Boris Johnson discursou em videoconferência ao parlamento ucraniano e foi aplaudido de pé. Aí, prometeu continuar “a ajudar a Ucrânia” com “armas, financiamento e ajuda humanitária, até atingirmos o nosso objetivo de longo prazo, que deve ser fortalecer a Ucrânia de tal forma que ninguém jamais se atreva a atacá-la”. E acrescentou:

“Vocês destruíram o mito da invencibilidade de Putin e escreveram um dos capítulos mais gloriosos da história militar e da vida do vosso país.”

Quando Boris Johnson deixou o cargo, devido a polémicas e escândalos que precipitaram a sua saída, o Presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, chegou a admitir: “Quando soubemos que haveria uma mudança de governo, todos ficámos preocupados”. E acrescentou, elogiando Boris Johnson: “Em todas e cada uma das reuniões e conversas que mantivemos, Boris fazia uma pergunta muito boa: o que mais? Do que mais precisas? Sei que não foi fácil para Boris Johnson, pois teve de lidar com muitos desafios internos. Dar prioridade ao apoio à Ucrânia exigiu muita coragem e determinação”.

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Entretanto, o líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, já reagiu a este tweet do Governo ucraniano sobre a política britânica. Questionado pela Sky News, o líder do Labour apontou: “Vi esse tweet e fiquei realmente surpreendido, mas no que se refere à Ucrânia o meu imperativo absoluto é garantir que todos apoiamos a Ucrânia face à agressão de Putin. Fiquei surpreendido pelo tweet, mas nas circunstâncias que enfrentam a minha atenção concentra-se em absoluto em dar à Ucrânia todo o apoio que pudermos dar”.