A Galp anunciou resultados de 608 milhões de euros até setembro, um salto de 86% face ao mesmo período do ano passado que foi suportado por uma “forte performance operacional”, apesar das perturbações no abastecimento de gás sentidas no terceiro trimestre e da instabilidade vivida no mercado energético.

A margem operacional (EBITDA) valorizou 73% para 2.897 milhões de euros, com a produção do petróleo a representar a fatia mais expressiva de 2.292 milhões de euros, um crescimento de 61% face aos primeiros nove meses do ano passado. O resultado operacional da atividade de exploração e produção atingiu os 1.627 milhões de euros até setembro.

Na área industrial o EBITDA ascendeu a 333 milhões de euros, o que reflete uma maior contribuição da atividade de refinação para os resultados do grupo, com um forte crescimento de 273% face ao mesmo período de 2021. Ao contrário da exploração e produção, esta operação é realizada em Portugal e estará sujeita este ano ao pagamento da contribuição solidária criada a nível da União Europeia para as empresas de gás e petróleo. Os resultados operacionais neste setor foram de 82 milhões de euros, face a perdas nos primeiros nove meses de 2021. Mas considerando os efeitos de valorização dos stocks, os resultados ascendem a quase 400 milhões de euros até setembro.

Nos primeiros nove meses do ano, as margens de refinação estiveram nos 12,4 euros por barril, espelhando uma “forte melhoria do ambiente internacional de refinação”. Mas no terceiro trimestre, já é visível uma queda acentuada da margem para 7,7 dólares por barril, face aos mais de 22 dólares registados no trimestre anterior. Nos primeiro nove meses do ano, as vendas de produtos petrolíferos cresceram 19%, com destaque para o jet fuel e o gasóleo.

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Apenas no terceiro trimestre, o resultado do grupo foi de 187 milhões de euros beneficiando de um efeito positivo de 114 milhões de euros que resultou da valorização das cotações do petróleo e das margens de refinação. Este resultado também é superior face a igual período do ano passado, mas a subida é muito menos expressiva — 16%.

Do ponto de vista negativo para os resultados operacionais que foram de 408 milhões de euros no terceiro trimestre, a empresa destaca o reconhecimento de uma perda de 34 milhões de euros na pesquisa em São Tomé e Príncipe e provisões de 88 milhões de euros relacionadas ainda com o descomissionamento e “projeto de transformação” da unidade de Matosinhos.

Restrições podem custar 40 a 50 milhões

A Galp reporta ainda uma queda de 21% na venda de trading de gás natural nos primeiros nove meses do ano que atribui às restrições no abastecimento e ao ambiente “desafiante” deste setor na Europa.

Os resultados até setembro ainda não refletem o efeito das perturbações na produção recentemente anunciada pela Nigéria. Mas a Galp informa que já no terceiro trimestre registou-se uma contribuição negativa do fornecimento e trading de gás natural, devido às persistentes restrições no abastecimento, nomeadamente da parte do maior fornecedor de gás natural liquefeito, a Nigéria, bem como dos diferentes preços registados nos mercados da Europa central, a TTF) e da Península Ibérica, o Mibgas. E reproduz o aviso feito ao mercado na semana passada, admitindo que os custos podem oscilar entre os 40 e os 50 milhões de euros.

Nos primeiros nove meses do ano, o investimento líquido totalizou 924 milhões de euros, dirigido sobretudo à exploração e produção de petróleo e gás à execução da compra da participação na Titan Solar, empresa de energias renováveis em Espanha.

Os resultados da empresa são explicados nesta apresentação pelo presidente executivo Andy Brown.