Um grupo armado matou duas pessoas e é suspeito de ter raptado outras quatro e levado para um cativeiro identificado pela população no interior de Cabo Delgado, norte de Moçambique, disseram esta terça-feira à Lusa fontes locais.

O ataque aconteceu na tarde de domingo na aldeia de Mandava, no distrito de Muidumbe, no norte da província.

“Os terroristas voltaram a atacar a nossa aldeia e isso é triste porque estávamos a regressar”, disse um residente em Mwambula, antiga sede de distrito.

Os supostos rebeldes irromperam pela aldeia durante a noite, pelas 20h00 (18h00 em Lisboa) e sequestraram quatro pessoas, entre as quais uma mulher grávida.

Da aldeia seguiram para Mavala, uma zona baixa onde a população mantém campos agrícolas e que, de acordo com a mesma fonte, está “completamente ocupada por insurgentes”.

“Ninguém passa” no alegado cativeiro, “porque eles estão lá faz tempo, estão a comer a nossa comida” a partir dos campos cultivado, lamentou.

Outra fonte referiu que o ataque levou várias pessoas a abandonar as casas e a seguir para outra sede distrital, Namacande, a cerca de 20 quilómetros, e dali até outros locais mais longínquos.

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Há muita gente a sair e alguns vão até Namacande, outras para Mueda ou Pemba, porque estes ataques mostram que ainda não há segurança”, acrescentou.

A população relata que, desde domingo, há movimento militar na zona para tentar controlar a situação, mas algumas fontes locais sugerem que seria necessária uma equipa “permanente”.

A aldeia de Mandava, na parte sul do distrito de Muidumbe, é alvo de ataques armados desde 2019.

A província de Cabo Delgado tem sido aterrorizada desde 2017 por violência armada, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

A insurgência levou a uma resposta militar desde há um ano com apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região e na vizinha província de Nampula.

Em cinco anos, o conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o ACNUR, e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.