O navio de resgate de migrantes “Ocean Viking” vai ser recebido por França, no porto de Toulon, e um terço dos passageiros será realocado em território francês, anunciou esta quinta-feira o ministro francês do Interior.

O navio, da organização não-governamental (ONG) europeia SOS Méditerranée, com bandeira norueguesa, estava há 19 dias no mar, com 234 migrantes, não tendo recebido autorização das autoridades italianas para desembarcar no país.

Segundo alertou a ONG na segunda-feira, a situação a bordo era já insuportável, já que os migrantes apresentavam “sinais significativos de ansiedade e depressão”, alertou a ONG na segunda-feira.

O ministro francês criticou a decisão de Itália de não atribuir um porto de segurança ao “Ocean Viking”, considerando-a “uma escolha incompreensível”, e sublinhou que o acolhimento do navio de resgate de migrantes é feito “a título excecional”.

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O novo Governo de extrema-direita de Itália, liderado pela primeira-ministra Giorgia Meloni, acusa as organizações humanitárias que resgatam migrantes no mar de encorajarem o fenómeno migratório, pelo que decidiu não autorizar ou não responder aos seus pedidos para atracar em portos italianos.

Vários navios com centenas de migrantes mantiveram-se, durante dias, ao largo da costa italiana, apesar da degradação do estado de saúde dos passageiros.

Na segunda-feira, o ministro das Infraestruturas italiano e líder do partido de extrema-direita Liga, Matteo Salvini, sublinhou que a Europa “não pode deixar a Itália sozinha” e pediu ajuda para realojar os migrantes que chegam ao país.

A posição do Governo italiano está a criar um foco de tensão com França, já que os navios de resgate que não conseguem aportar em Itália acabam por se dirigir a outros países para fazer o desembarque.

Pelo menos 1.337 pessoas desapareceram nas rotas de migração do Mediterrâneo Central este ano, de acordo com o Projeto de Migrantes Desaparecidos da Organização Internacional para as Migrações (OIM).