A Business Roundtable Portugal (BRP), associação que reúne 42 das grandes empresas portuguesas, firmou um protocolo de colaboração com a AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal) que tem três medidas de lançamento. Segundo Vasco de Mello, presidente da BRP, o protocolo “é um instrumento de ação”, que é considerado “bastante ambicioso”. Mas este empresário faz uma ressalva: “Não quer dizer  que os resultados sejam imediatos. As iniciativas vão ganhar tração com apoio das 42 empresas e estão abertas a que outras empresas se possam também juntar”.

O protocolo terá avaliação de seis em seis meses, podendo haver alterações. Para já arranca com três iniciativas — “três golos na primeira parte”, metaforizou Filipe Botton, presidente da Logoplaste (que é um dos acionistas do Observador) — que ter a operacionalização junto da AICEP:

  • Ao programa Inov Contacto, gerido pela AICEP, vão juntar-se mais 25 estágios que serão absorvidos pelas empresas associadas da BRP. Sendo este programa de financiamento comunitário, trata-se agora, segundo explicou Francisca Guedes de Oliveira, administradora da AICEP, diversificar as fontes de financiamento. Garantiu ainda que “não esbarra em nada com a contratação público”. O estagiário entra no processo e as empresas são como patrocinadoras desse programa. O Inov Contacto garante estágios a cerca de 200 jovens — que têm a possibilidade de ir para empresas fora de Portugal — e agora terá mais 10% de financiamento e de estagiários. Filipe Botton garante que as empresas da BRP querem “agregar valor ao que já existe bem feito”. Nesta fase serão onze empresas internacionais dentro da BRP que receberão os estagiários.
  • Uma outra medida passa pela disponibilidade por parte dos presidentes das empresas da BRP para receberem presidentes de pequenas e médias empresas para poderem guiá-los nos processos de internacionalização e partilhar experiências. “Os associados têm de dar de si para poderem ser interlocutores de PME e estarem duas ou três horas com elas”, diz Filipe Botton, num encontro com comunicação social para explicar o protocolo com a AICEP, reforçando a ideia dos CEO das grandes empresas “darem um pouco de si”, partilhando angústias, estratégias e “ajudar a fazer o caminho mais fácil”. Botton deu o seu próprio exemplo, lembrando que “a posição de líder é solitário” e, por isso, realça que gostaria de ter tido um CEO com experiência à sua disponibilidade para partilhar dúvidas antes da internacionalização da Logoplaste, em 1992, para Espanha, onde diz ter corrido, inicialmente, mal. Mas Filipe Botton deixa a garantia: “não é uma aula de um CEO a outro CEO. É uma partilha de experiências”.
  • A terceira ação passa por disponibilizar espaços dentro da empresa fora de Portugal para receber responsáveis de PME que estejam a ir para esses mercados no exterior. São espaços de co-work. Haverá 50 lugares em 20 países disponíveis por parte das grandes empresas. “As empresas portuguesas que se queiram globalizar podem ter acesso a instalação física de empresas que já lá estão por períodos de 3, 6, 8 meses ou um ano”.

Todas estas medidas pressupõem um trabalho de operacionalização por parte da AICEP que vai fazer o encontro de vontades (matching) entre os pedidos das PME e a disponibilidade das grandes empresas quer no segundo, quer no terceiro eixo. No primeiro, os estagiários têm de se candidatar ao Inov Contacto e depois serão encaminhados.

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Há também filtros que têm de ser feitos, cabendo essa missão à AICEP. Um exemplo? Não colocar em co-work empresas concorrentes.

“Ter ideias é interessante, o mais difícil é pô-las na prática”, realça Filipe Botton, dizendo que é por em prática que se pretende com este protocolo. Luís Castro Henriques, presidente da AICEP, admite que nunca tinha visto esta disponibilidade antes no organismo e na participação de empresas, sendo esta agora, diz, “uma boa parceria entre entidades do Estado e privados. Temos objetivos comuns e juntamos esforços para sermos mais fortes e chegarmos mais longe”.

Vasco de Mello reforça a ideia de que Portugal precisa que as pequenas empresas se tornem médias, as médias se tornem grandes e as grandes internacionais.