Parece existir uma grande diferença entre as conclusões da Comissão Europeia e as do CEO da Volkswagen, no que respeita às alterações a introduzir nos veículos a partir de Julho de 2025, de forma a fazê-los cumprir os limites de emissões preconizados pela norma Euro 7. Para Bruxelas, o investimento necessário deverá rondar entre 150€ e 300€, mas Thomas Schäfer, CEO do maior construtor europeu, defende que poderá ascender a 5000€, o que conduzirá ao fim dos veículos utilitários, os mais pequenos e acessíveis do mercado, que são igualmente os mais vendidos em países como Portugal.

Durante o recente Salão Automóvel de Los Angeles, Schäfer deu uma entrevista à Autocar em que informou que, ao contrário do que chegaram a esperar semanas antes, o endurecimento das medidas antipoluição (impostas à última hora) tornou os pequenos utilitários como o VW Polo insustentáveis. Avançou o CEO que a necessidade de incorporar mais equipamento irá levar a que o custo de produção dos veículos suba entre 3000€ e 5000€, consoante o caso.

Thomas Schäfer, o CEO da Volkswagen, acredita que os veículos utilitários como o Polo podem aumentar 5000€ com a entrada em vigor da norma Euro 7, tornando-os invendáveis

Quando confrontado com o diferencial entre os 5000€ estimados pela empresa que dirige e os 300€ calculados pela União Europeia, Thomas Schäfer afirmou não reconhecer este valor, que considerou estar completamente desfasado da realidade. Defende o gestor à frente dos destinos da VW que os futuros utilitários terão de adoptar, no mínimo, um sistema mild hybrid para cumprir as normas mais apertados do Euro 7 e daí os custos superiores.

Admitindo que as alterações introduzidas são muito recentes e que os seus técnicos ainda necessitam de mais umas semanas até ter a certeza dos custos envolvidos, Schäfer assumiu que preferia que não se tivesse “apertado” tanto as emissões com o Euro 7, de forma a garantir que os construtores tinham mais fundos disponíveis para investir na concepção e produção de veículos 100% eléctricos, como o VW ID.2 e os modelos equivalentes da Skoda e Cupra.

Os investimentos em novas tecnologias são sempre enormes, da mesma forma que os construtores sempre reclamaram sobre o “apertado” que são as normas antipoluição, desde que o Euro 1 surgiu em 1992. A queixa repete-se sempre que é implementada uma versão mais exigente desta norma para o controlo das emissões, inclusivamente quando foi introduzido o Euro 6 em 2014 e, agora, anunciado o Euro 7 para 2025. Menos discutível são os 300.000 europeus que morrem todos os anos devido a doenças provocadas pela poluição existente no ar que se respira nas grandes cidades.

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