Se existisse um “Quem quer ser milionário?” versão Campeonato do Mundo de futebol e a última pergunta fosse “Quem são os três jogadores que marcaram nos últimos três Mundiais?”, qual a probabilidade de responder “Cristiano Ronaldo, Lionel Messi e Xherdan Shaqiri” e com isso arrecadar o prémio final? A verdade é que o avançado da Suíça, adversário de Portugal nos oitavos de final do torneio do Qatar, partilha mesmo esse pódio com os astros português e argentino.

Este é o quarto Mundial de Shaqiri, que se estreou na maior competições de seleções de futebol em 2010, na África do Sul. Os primeiros golos surgiram quatro anos depois, no Brasil, quando marcou um hat-trick frente às Honduras. Em 2018, no Mundial da Rússia, marcou à Sérvia. Logo ele, que nasceu no Kosovo. No Qatar, voltou a marcar aos sérvios: é dele o primeiro golo da vitória suíça por 3-2 no último jogo do grupo G.

Com 111 internacionalizações e 27 golos, aquele que é conhecido como “Messi dos Alpes” é uma das maiores estrelas dos helvéticos e, por isso, um jogador que todos queriam ouvir antes do jogo frente a Portugal, na terça-feira (19h00, de Lisboa), que decide quem segue para os “quartos” do Mundial. E há algo que o suíço tem a certeza: Cristiano Ronaldo, mesmo sem clube e a viver um momento profissional conturbado, está longe de estar acabado.

“Não se pode descartar Cristiano Ronaldo, ele é um dos melhores jogadores do mundo juntamente com o Messi”, disse aos jornalistas depois do treino deste domingo, reforçando os elogios: “Ele pode marcar a qualquer segundo, a qualquer minuto, tem experiência e todos sabem como é importante para Portugal e para a sua equipa.”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O jogador de 31 anos do Chicago Fire não esgotou os elogios na estrela maior da Seleção Nacional. “Temos que conhecer também os outros jogadores porque não é só o Ronaldo. Portugal tem jogadores muito bons, jogadores jovens que podem fazer uma grande diferença e precisamos fazer uma performance muito boa”, disse aos jornalistas.

Se parece que Shaqiri vai entrar em campo antecipadamente derrotado, são as respostas do próprio que o desmentem. “A chave é ter um bom desempenho de toda a equipa. Não há ‘Cristianos’ na nossa equipa, precisamos de todos para ter sucesso. Se todos se unirem, todos atingirem o seu nível máximo de desempenho, tenho a certeza que temos hipóteses de passar”, considera.

Nas contas do atacante não entram, porém, os últimos encontros para a Liga das Nações (vitória de Portugal por 4-0 e vitória da Suíça por 1-0). “Para mim será totalmente diferente porque isto não são jogos particulares, não é a Liga das Nações. A pressão está alta e será importante que os jogadores lidem com esta pressão. Precisamos de uma exibição especial”, concluiu.

Golo à Sérvia e “shiuuuuu”

Shaqiri é um dos jogadores desta seleção suíça com herança kosovar-albanesa, juntamente com Granit Xhaka. Mas enquanto este nasceu na Suíça, tendo pai kosovar e mãe albanesa, Xherdan nasceu no Kosovo – que em 1991, ano em que nasceu, ainda fazia parte da Jugoslávia – e é naturalizado suíço.

A sua carreira, que passou por clubes como Basileia, Bayern Munique, Inter Milão, Stoke City, Liverpool e Lyon e que conta com títulos de campeão em Inglaterra e Alemanha, duas Champions, duas Supertaças Europeias e dois Campeonatos do Mundo de Clubes, nunca deixou de andar de mãos dadas com a política. Em 2018, por exemplo, ele e Xhaka comemoram os golos frente à Sérvia imitando uma águia, animal presente na bandeira albanesa.

No Qatar, não houve águias, mas não houve neutralidade. Após marcar à Sérvia (seleção à qual a FIFA abriu um processo por exibir uma bandeira com o território do Kosovo anexado), Shaqiri mandou calar os adeptos sérvios após o golo que desfez o 0-0. No final do encontro, as suas redes sociais foram invadidas por mensagens de parabéns de internacionais kosovares.