“Devia afastar-me da liderança do Twitter? Vou respeitar os resultados desta sondagem.” A pergunta — e a promessa — foram lançadas na noite de domingo pelo próprio CEO da rede social. Elon Musk quer saber a opinião dos seus seguidores sobre o futuro do Twitter e sobre a sua própria permanência na liderança da empresa. Terminado o prazo do desafio, a maioria votou no sentido de que, sim, Musk deve sair – e os investidores da Tesla aplaudem.

No final da votação, o voto pelo “sim” venceu com 57,5% das votações. Mais de 17,5 milhões de pessoas votaram.

Num segundo tweet, já depois de lançada a questão na rede social, Musk deixava aquilo que parecia ser um aviso: “Como diz o ditado, cuidado com o que desejas, porque podes mesmo recebê-lo“.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Logo após ter lançado a sondagem, Musk partilhou um tweet em que garante que, “daqui em diante, haverá uma votação para a introdução de profundas alterações na política” de utilização desta rede social. “As minhas desculpas. Não voltará a acontecer.

A perspetiva de Elon Musk poder sair da liderança da rede social está a ser muito bem recebida por quem investe nas ações da Tesla, outra empresa de que Musk é presidente-executivo. A perceção de que Elon Musk tem andado distraído com o Twitter, e pouco focado na rentabilização da empresa fabricante de automóveis, não tem ajudado no desempenho das ações da Tesla neste ano – estas derrapam mais de 60%, uma das desvalorizações mais bruscas num ano muito negativo para as bolsas e em particular para o Nasdaq (a bolsa onde a Tesla é negociada).

Assim, perante a possibilidade de Musk sair da liderança executiva do Twitter (rede social do qual é dono do capital), as ações da Tesla estão a disparar mais de 4% no pré-mercado da bolsa norte-americana.

A sondagem e as referências de Elon Musk às alterações nas regras de utilização da rede social surgem num contexto muito particular: nos últimos dias, vários jornalistas e meios de comunicação de relevo internacionais viram as respetivas contas serem banidas pela empresa (uma decisão que, entretanto, a empresa já fez saber que ia reverter) e de a União Europeia sinalizar a possibilidade de avançar com sanções contra a rede social.

A suspensão aplicada a jornalistas, jornais e estações de televisão — como a CNN ou o New York Times, só para citar dois exemplos — decorre do facto de alguns dos jornalistas terem escrito recentemente sobre a decisão do multimilionário de banir contas que rastreavam as localizações de terceiros, mesmo que com base em informação pública.

Elon Musk suspende contas de pelo menos 10 jornalistas no Twitter. Comissão Europeia promete sanções

Ella Irwin, chefe de segurança e confiança do Twitter, sugeriu ao The Verge que estas contas colocavam outros utilizadores da rede social “em risco” e Musk entrou no debate para argumentar que as contas visadas pela suepensão estariam envolvidas em “doxxing” — ou seja, estariam a publicar dados privados de terceiros. Consequência: uma suspensão de sete dias, mas só para alguns; outros terão mesmo recebido a informação de que estavam banidos permanentemente do Twitter.

No meio de um turbilhão de reações e críticas à suspensão de jornalistas, Musk lançou também uma sondagem. Nesse caso, perguntava aos seguidores durante quanto tempo as contas sancionadas deveriam estar suspensas. Um exercício semelhante, por sua vez, ao que já tinha feito quando decidiu desbloquear as contas que estavam suspensas antes de comprar o Twitter.