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Ainda não há consenso sobre o número de mortos e feridos que resultaram do ataque das tropas de Kiev em Makiivka, com os números russos e ucranianos bem distantes. Apesar da incerteza, é da própria Rússia que vão chegando fortes críticas ao golpe no primeiro dia de 2023.

Na estimativa inicial, o Ministério da Defesa russo indicava que morreram 63 militares, mas esta terça-feira avançou que o número de mortos subiu para 89. Por outro lado, as autoridades ucranianas falam em centenas ou “cerca de 400” mortes. Num raro momento de crítica interna, na Rússia apontam-se dedos às falhas de planeamento e segurança e apela-se à “proteção do bem maior”: a vida dos soldados.

Esta terça-feira, Andrey Medvedev, vice-presidente da Duma da cidade de Moscovo, jornalista pró-Kremlin sublinhou que é preciso defender a vida russa. “Ou uma pessoa é o mais alto valor — e há punição por perdas estúpidas de pessoal, como traição à pátria — ou o país acabou”, escreveu Medvedev no Telegram.

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Ucrânia diz que matou centenas de soldados russos em ataque a quartel militar. Rússia fala em 63 mortos

Já Sergei Mirnov, ex-presidente do Senado, a câmara alta da Rússia, exigiu responsabilidade criminal para quem “permitiu a concentração de militares num prédio desprotegido” e que se tirem consequências de “todas as autoridades superiores que não forneceram o nível adequado de segurança.”

Grigory Karasin, membro do Senado russo e ex-vice-ministro dos Negócios Estrangeiros pediu uma “análise interna rigorosa” ao que aconteceu no ataque ao quartel.

O ataque em Makiivka, às 00h01 do dia 1 de janeiro, atingiu a Escola Profissional Técnica n.º 19, convertida num quartel que estaria a ser usada para alojamento temporário de tropas russas. O Ministério da Defesa russo adiantou que o principal motivo do ataque foi o uso não autorizado de telemóveis. O caso está a ser descrito como uma das maiores baixas militares russas desde o início da invasão, a 24 de fevereiro.

O governador da região russa de Samara adiantou, entretanto, que muitos dos soldados mortos no ataque ucraniano eram residentes locais. Segundo o New York Times, o responsável encontrou-se esta terça-feira com oficiais russos em Moscovo, sublinhando a gravidade das perdas.

Esta terça-feira, a AFP noticiou que os familiares das vítimas e desaparecidos em Makiivka se reuniram na cidade de Samara para prestar uma homenagem. Cerca de 200 pessoas – algumas com bandeiras do partido Rússia Unida, do Presidente Vladimir Putin – deixaram flores num memorial na praça central, apelando à justiça.

“É muito duro, é assustador. Mas não nos vão quebrar. O luto vai unir-nos”, disse na cerimónia Ekaterina Kolotovkina, que lidera um grupo compostos pelas esposas de militares russos. “Pela primeira vez desde o início da operação militar especial, pedi ao meu marido que tome vingança pelas lágrimas das viúvas”, acrescentou. Garantiu que juntos “vão esmagar o inimigo”, porque, e seguindo a narrativa divulgada pelo Kremlin, não têm escolha.

Por agora, o Presidente russo tem escapado às críticas sobre este ataque, que se focam no Ocidente e no que alguns descreveram como incompetência dos oficiais russos. O Instituto para o Estudo da guerra (ISW, na sigla em inglês) refere, contudo, que “estas falhas militares profundas” vão continuar a complicar os esforços de Vladimir Putin para apaziguar a comunidade pró-guerra e manter controlo sobre a narrativa no espaço informativo.

“A incapacidade de Putin de responder às críticas e corrigir as falhas na campanha militar da Rússia pode minar a sua credibilidade”, aponta o think tank norte-americano no mais recente relatório.

Atualizado às 22h40 com a atualização do Ministério da Defesa russo sobre o número de mortos no ataque a Makiivka