A ex-vice-presidente do Parlamento Europeu, Eva Kalli, quebrou o silêncio sobre a sua detenção relacionada com o Qatargate. Em declarações à televisão grega TV Star desde a sua cela em Bruxelas, a ex-responsável comunitária disse que a situação era “injusta”. Destacou também as dificuldades por que está a passar: “Estou a ser torturada. Eu não aguento mais. Estou a desmoronar-me”.

Eva Kaili, que está detida desde 9 de dezembro, acusa também a Justiça belga de a impedir de ver a filha: “O que há de errado em ver a menina? Eles mantêm-na longe de mim”, queixou-se a ex-vice-presidente do Parlamento Europeu à TV Star, acrescentando que pediu para ver a filha presencialmente ou então via Skype. Contudo, ambos os pedidos foram indeferidos. De recordar que a criança está a viver com o avô materno, dado que não tem só a mãe detida; também o seu pai, Francesco Giorgi, está em prisão preventiva por conta do Qatargate.

A equipa legal da ex-eurodeputada acusa a Justiça belga de tentar levar Eva Kaili ao limite, não a deixando ver a filha de maneira a que confesse as suas ligações com o Qatar. Por sua vez, os serviços prisionais da Bélgica referem que existem regulamentos internos restritos e alegam que a filha da ex-vice-presidente do órgão comunitária não é diferente das restantes 20 mil crianças que têm os pais na prisão.

Para além disso, devido à época festiva, os tribunais belgas estão com falta de pessoal. Ora, para uma visita a uma prisão belga é necessário que estejam presentes dois psicólogos e um guarda prisional. “Não há pessoal neste momento para que Eva Kaili veja o filho”, assume o advogado Michalis Dimitrakopoulos, que reforça que a prioridade da equipa legal que representa a ex-eurodeputada passa por conseguir atenuar a pena para que Eva Kaili fique em pulseira eletrónica até ao julgamento.

Contudo, os recentes desenvolvimentos não facilitam a vida aos advogados de Eva Kaili. Em causa, está o facto de a Justiça grega ter pedido às autoridades do Panamá para apurar se a ex-eurodeputada abriu uma conta offshore no país da América Central para receber os subornos do Qatar. Atenas desconfia que a ex-vice-presidente do Presidente possa ter recebido 20 milhões de euros, tendo transferido o dinheiro para uma conta panamense.

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