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Em novembro de 2005, Artur Smolyanikov e a restante equipa do filme “Devyataya Rota” (“A 9.ª Companhia”, em português), foram convidados de honra na residência pessoal de Vladimir Putin. O filme, cuja ação decorre na guerra do Afeganistão, foi um sucesso de bilheteira e levou a que Smolyanikov ficasse conhecido como o “Rambo da Rússia”, numa referência aos filmes norte-americanos de Sylvester Stallone. Nessa noite, Putin, admirador confesso da obra, terá feito vários elogios: “o filme é muito forte, algo de muito real sobre a guerra e as pessoas que nela lutaram em condições extremas e que mostraram todo o seu valor”.

Muita coisa mudou nos últimos 18 anos — e Smolyanikov é prova disso. Em tempos uma estrela de ação adorado pelo próprio Kremlin, diz agora que estaria disposto a lutar pela Ucrânia no conflito que começou há quase 11 meses.

Não sinto nada a não ser ódio pelo outro lado (o lado russo) da frente combate. Se estivesse lá, no terreno, não haveria misericórdia”, declarou.

Em declarações ao jornal independente russo Novaya Gazeta — jornal que suspendeu temporariamente a sua atividade após o início da guerra, antes de voltar a abrir em Riga, capital da Letónia –, o ator revelou que um antigo colega com quem contracenou em “Devyataya Rota” se tinha mobilizado para o lado russo do conflito e deixou a sua posição bem clara. “Os meus amigos escreveram-me para dizer que o meu colega Soslan Fidarov foi para a linha da frente para lutar do lado russo. Se atiraria contra ele? Sem dúvida! Se mantenho as minhas opções em aberto no que toca a ir lutar pela Ucrânia? Absolutamente! É o único caminho para mim; se for para a guerra, lutarei apenas pela Ucrânia“.

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Esta não é a primeira vez que Smolyanikov se insurge contra a invasão. Durante o verão, quando ainda estava em território russo, descreveu a guerra numa entrevista como “uma catástrofe em que tudo colapsou — cinzas, fumo, fedor e lágrimas”. Em outubro acabou multado pela justiça russa em 30,000 rublos (pouco mais de 400 euros); nesse mesmo mês, saiu do país, atravessando a pé a fronteira da Noruega.

“Andas 30 metros e as pessoas que encontras são logo totalmente diferentes. São tão delicadas… até o aspeto das coisas é diferente”, disse o ator na mesma entrevista. O seu paradeiro atual não é conhecido, mas pensa-se que possa estar, justamente, na Letónia, bem longe da sua terra natal, onde as suas mais recentes declarações lhe valeram da parte do Kremlin a designação de “agente estrangeiro“.

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