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Uma pessoa morreu e pelo menos quatro ficaram feridas num ataque com recurso a uma catana a várias igrejas no município de Algeciras, província de Cádis, no sul de Espanha. A Polícia Nacional espanhola, segundo o El País, já deteve o atacante e este foi identificado como YasineKanjaa, um marroquino de 25 anos que não tem antecedentes criminais. Fontes do Ministério Público disseram ao mesmo jornal que a Procuradoria do Tribunal Nacional assumiu o caso e que estará a investigá-lo como um possível ato terrorista.

O homem dirigiu-se a pelo menos duas igrejas no centro de Algeciras e, aos gritos de “morte aos cristãos” e “Alá”, atacou várias pessoas. Tudo terá começado pelas 19h00 locais (18h00 em Portugal continental) quando o atacante terá entrado na igreja de San Isidro, no centro da cidade, onde “começou a discutir com os membros da congregação ali presentes, dizendo que deveriam seguir a religião islâmica”, cita o mesmo jornal. Deixou o local e regressou depois, pelas 19h20, com uma catana para agredir o sacerdote a quem causou ferimentos graves.

Depois seguiu para a igreja de La Palma, a cerca de 200 metros de distância da primeira. Quando a eucaristia estava a terminar, o atacante usou a mesma arma para atirar ao chão figuras religiosas, crucifixos e velas. Subiu então ao altar, o que levou o sacristão a aproximar-se para lhe pedir que saísse da igreja. Segundo o mesmo relato, ameaçou então duas mulheres que estavam no local, atitude que levou o religioso a pedir-lhe novamente que saísse. A reação de Kanjaa foi violenta: jovem marroquino começou a perseguir o sacristão e golpeou-o na cabeça até o matar. Depois, escondeu-se numa ermida onde foi encontrado pela polícia.

O homem não tinha documentos e estava ilegal em Espanha. O processo de deportação estava a decorrer, de acordo com o El Mundo. O mesmo jornal avança que as autoridades espanholas começaram a vigiar mais atentamente o suspeito há quatro dias. Ainda assim, Yasine Kanjaa terá chamado a atenção das autoridades logo quando começou a viver no município de Algeciras, no verão de 2022, devido à atitude “esquiva” e à “ânsia” que tinha de se esconder dos agentes.

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A Câmara Municipal já decretou um dia de luto oficial pela morte do sacristão, David Valencia. Um outro sacerdote, Antonio Rodríguez, ficou ferido na sequência do ataque, mas já se encontra “fora de perigo” depois de ter sido submetido a uma cirurgia.

Se tudo correr bem, nas próximas horas pode até receber alta”, afirmou o autarca de Algeciras, José Ignacio Landaluce, esta quarta-feira à noite, citado pelo ElEspañol.

O alto representante da Aliança das Civilizações das Nações Unidas (UNAOC) condenou o “hediondo ataque” às igrejas de Algeciras. “[Este] crime bárbaro é injustificável quando, onde e por quem quer que seja cometido”, destacou Miguel Ángel Moratinos, citado em comunicado do seu porta-voz. O alto representante expressou ainda as “sinceras condolências à família das vítimas, ao governo e ao povo da Espanha”.

O presidente da câmara de Andaluzia, Manuel Moreno também reagiu às notícias destacando uma situação “terrível, devastadora”. Além de condenar o crime, numa mensagem partilhada no Twitter, garantiu também que “a intolerância não tem espaço” na sociedade.

O presidente da Conferência Episcopal Espanhola (CEE), Cardeal Juan José Omella, reagiu igualmente no Twitter, referindo estar “comovido com o ataque armado” e dizendo estar a rezar “pelas vítimas da atrocidade e pelos seus familiares”. A Comunidade Muçulmana também reagiu com um comunicado de repulsa, segundo o El País.

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, definiu o ataque como “terrível”, deixando as “mais sinceras condolências” aos familiares do sacristão. “Desejo uma rápida recuperação dos feridos”, escreveu ainda na rede social Twitter. O líder do governo espanhol e do partido socialista de Espanha (PSOE) manifestou ainda “todo o apoio ao trabalho” das forças de segurança do Estado.

Também o líder do Partido Popular, Alberto Núñez Feijóo, manifestou, na mesma rede social, consternação pelos ataques, transmitiu os “pêsames à família do sacristão falecido” e desejou a rápida recuperação dos feridos.

Por sua vez, Isabel Díaz Ayuso, presidente da Comunidade de Madrid, também condenou o ataque: “Estamos com a família da vítima”, escreveu no Twitter, apelando a que “a segurança e a liberdade religiosa, direitos fundamentais de todos os espanhóis”, sejam garantidos.