Luís Montenegro atirou-se ao primeiro-ministro e ao roteiro que o Governo tem feito pelo país para promover o Plano de Recuperação e Resiliência. “O Governo português, com o dinheiro dos contribuintes e com o dinheiro da Europa, está a fazer campanha já hoje. Estas visitas estão a servir para que os membros do Governo vão prometer obras”, disse Luís Montenegro sobre a iniciativa dos conselhos de ministros descentralizados e sobre o roteiro do PRR feito por António Costa.

E depois da “denúncia” que quis fazer, Montenegro continuou: “Os socialistas adoram ter placas. Há placas de há 15, 16 ou 17 anos de coisas que nunca viram a luz do dia”, disse o presidente do PSD numa referência às obras prometidas mas que nunca chegaram a arrancar.

Para o líder social-democrata, o “Governo não está a ouvir as instituições, os autarcas e as empresas” . Na verdade, insistiu, António Costa está a “ir de terra em terra perguntar que projetos têm as autarquias em mão para não perderem o dinheiro” do Plano de Recuperação e Resiliência.

A crítica, de resto, já tinha sido ensaiada minutos antes pelo vice-presidente do PSD, Paulo Rangel, que acusou o executivo de “estar totalmente consumido em tratar das feridas internas e em constante desagregação” e por isso “não ter espaço para pensar no futuro”.

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Num evento do Partido Popular Europeu — a família europeia do PSD e do CDS –, que decorreu em Lisboa, Luís Montenegro socorreu-se até de uma conhecida frase do meio futebolístico: “Digam-me uma. Digam-me uma só transformação estrutural que o Governo do PS tenha feito nos últimos sete anos. Isto é mesmo poucochinho”, rematou o presidente do PSD, citando uma outra expressão, esta popularizada por António Costa.

A intervenção de Luís Montenegro começou pela polémica da manhã: o (aparente) fim da secretaria de Estado da Agricultura na orgânica do Governo, que deu o mote para o líder do PSD voltar a dizer que “António Costa tem uma dificuldade evidente de recrutamento de pessoal político de qualidade. Para Luís Montenegro, “a extinção da secretaria de Estado é uma má noticia para Portugal”. “Isto traduz-se no dia a dia em dificuldades para que o setor agrícola possa ter políticas públicas que sirvam os agricultores”, disse.

Ainda nos ataques a António Costa, o líder do PSD criticou o discurso das contas certas do PS, “ou contas equilibradas” como prefere chamar-lhes. “As contas equilibradas do PS têm pés de barro. É da carga fiscal máxima, dos serviços públicos mínimos e da falta de crescimento económico.”

Já na reta final da intervenção, e com eurodeputados de vários países presentes, Luís Montenegro disse que a ambição para Portugal “é a de ser um contribuinte liquido da União Europeia”. “Nós queremos passar à vossa frente. Esse é o nosso objetivo”, assumiu o presidente do PSD, que voltou a vincar que este o tempo de António Costa está a contar. “Se não mudar de políticas, os portugueses mudam de Governo”, rematou.