A Iniciativa Liberal (IL) instou esta segunda-feira a Embaixada do Irão em Portugal a empenhar os “melhor esforços diplomáticos para a libertação urgente” de dois jovens iranianos, condenados à morte na sequência dos protestos antigovernamentais.

Numa carta enviada ao embaixador da República Islâmica do Irão em Portugal, este partido defendeu que a pena “não é claramente proporcional aos seus atos de participação nos referidos protestos”.

Os deputados da IL no Parlamento, Joana Cordeiro e Rodrigo Saraiva, explicaram na carta que Mohammad Ghoubadlou, de 22 anos, e Mohammad Boroughani, de 19 anos, enfrentam a pena de morte “por terem sido acusados de ‘guerra contra Deus’, na sequência do seu papel” nos protestos antigovernamentais que começaram após a morte, em 16 de setembro, de Mahsa Amini, uma jovem curda iraniana de 22 anos detida pela chamada “polícia da moralidade”, por alegadamente usar o lenço islâmico fora dos padrões exigidos.

Para Joana Cordeiro e Rodrigo Saraiva, enquanto deputados é “da mais elementar justiça” defender a “promoção do respeito pela vida humana, não só dentro do território português” mas “sobretudo quando os esforços diplomáticos” possam ter “um efeito relevante na vida das pessoas”.

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“Nesse sentido, decidimos, política e civicamente, apadrinhar estes dois jovens iranianos condenados à morte, assumindo o compromisso de os proteger e defender, na medida em que as nossas incumbências e faculdades o permitam, enquanto deputados”, destacaram.

A IL adiantou ainda que Mohammad Ghoubadlou é barbeiro e foi preso em Teerão a 22 de setembro e foi em dezembro condenado à morte por “guerra contra Deus”.

“Após a sua detenção, a sua mãe afirmou, num vídeo publicado nas redes sociais, que o seu filho era bipolar e não tomava os seus medicamentos há vários meses. A 09 de janeiro, um grupo de 50 psiquiatras escreveu uma carta à magistratura obstando a sua sentença de morte. Permanece, no entanto, em risco iminente de ser executado”, acrescentou.

Mohammad Ghoubadlou é apadrinhado por Clara Anne Bünger do Parlamento alemão, Nathalie Goulet e Raquel Garrido do Parlamento francês.

Já Mohammad Boroughani foi também condenado à morte por “guerra contra Deus”, é apadrinhado por Martin Diedenhofen do Parlamento alemão, por Mahamoud Farahmand do Parlamento norueguês e por Hubert Julien-Lafferri do Parlamento francês, destaca a IL na carta.

Os deputados garantiram ainda na carta ao embaixador da República Islâmica do Irão em Portugal que vão continuar “monitorizar a situação, não hesitando em comunicar publicamente os desenvolvimentos da mesma”.

“Manifestamos desde já a nossa disponibilidade para colaborar com a embaixada nestes fins, cujos esforços respeitosamente saudamos, e que esperamos que venham a concretizar as ações que aqui enunciamos”, concluem na missiva.

Dos protestos resultaram até agora entre 481 e 522 mortos, incluindo 68 funcionários das forças de segurança do país, segundo Organizações Não-Governamentais (ONG).

Segundo a ONG Agência de Notícias de Ativistas de Direitos Humanos (HRANA, na sigla em inglês), um total de aproximadamente 19.600 pessoas foram detidas desde o início dos protestos, das quais 713 já foram condenadas por um tribunal iraniano.

Pelo menos quatro pessoas foram executadas e 109 enfrentam a possibilidade de acabar no corredor da morte.