O Ferrari mais aguardado dos últimos anos, o SUV Purosangue, só vai começar a chegar aos primeiros clientes no segundo trimestre deste ano, antecipando um 2023 em cheio para o reputado construtor de Maranello. Mas se isso são boas notícias para os clientes, os funcionários que diariamente vestem a camisola do Cavallino Rampante para colocar na estrada superdesportivos de fazer crescer água na boca – pelo menos, para os amantes desta classe de veículos – receberam boas notícias logo no arranque do ano. Isto porque cerca de 5000 levam para a casa um bónus que, no limite, chega a 13.500€.

Seria necessário multiplicar o prémio por 20 para reunir a verba necessária para adquirir um Ferrari, mas a realidade é que trabalhar em Maranello já deve ser um emprego de sonho e, racionalmente, quem quiser usar o bónus para comprar carro novo tem sempre alternativas mais em conta, como o Sandero. Este Dacia, que por cá tem um preço de entrada a partir de 11.600€, ainda permitiria pôr de lado 1900€, com a vantagem de anunciar aquilo que a Ferrari nunca ofereceu: “cinco grandes lugares confortáveis”.

Seja qual for o destino a dar aos 13.500€ extra, os funcionários da Ferrari vêem assim a empresa partilhar lucros com os trabalhadores, o que em si não é uma novidade nesta indústria, existindo diferentes marcas que adoptam há muito essa prática. É o caso da Mercedes, por exemplo, que este ano vai fazer chegar um prémio de até 7300€ a 93.000 trabalhadores na Alemanha. A novidade é que o bónus da Ferrari atinge este ano um valor muito mais interessante, aumentando 12,5% face ao ano anterior, em reflexo de um desempenho mais lucrativo em 2022, por mais vicissitudes que a indústria automóvel tenha atravessado, da carência de semicondutores à falta de cablagens, sem esquecer o aumento dos custos da energia devido à invasão da Ucrânia por parte da Rússia.

Nem imagina quanto ganha a Ferrari em cada carro que vende

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Como que indiferente a todo este contexto negativo e ainda sem poder contar com o impacto do Purosangue nas contas da empresa, a Ferrari entregou em 2022 um total de 13.221 unidades, o que representa um incremento de 18,5% em relação a 2021. A este novo recorde de vendas está associado um lucro líquido de 939 milhões de euros, mais de uma centena de milhões acima do alcançado em 2021 (833 milhões). Daí o valor do prémio distribuído aos empregados.

Ferrari alcança recorde ao vender 13.221 unidades em 2022

Os bons resultados de 2022, apesar das adversidades e ainda sem contar com o efeito SUV na procura, levam o construtor italiano a alimentar excelentes perspectivas para 2023. Desde logo, porque as entregas do Purosangue vão arrancar no 2.º trimestre e não há mãos a medir para satisfazer o interesse no primeiro modelo simultaneamente aventureiro e com características familiares a exibir o logótipo do Cavallino Rampante. Tanto assim é que a marca se viu obrigada a suspender as encomendas, para evitar uma lista de espera que excedesse os dois anos.

Ferrari Purosangue. A bordo do SUV mais veloz do mundo

Enquanto trata de pôr na estrada o seu primeiro FUV (Ferrari Utility Vehicle), como o falecido Marchionne preferia chamar ao projecto do Purosangue, o construtor agora liderado por Benedetto Vigna continua na rota da electrificação. À partida, estaria contemplado pela chamada “emenda Ferrari”, adenda adicionada à obrigatoriedade de todos os fabricantes que comercializam veículos na União Europeia oferecerem, a partir de 2035, apenas e só veículos eléctricos, excepção feita para os que produzem menos de 10.000 veículos por ano. Esses têm mais um ano para efectuar a transição e, além disso, estão livres de cumprir os limites intermédios de emissões fixados para 2030. E com os números de 2022, tudo indica que a Ferrari poderá usufruir da adenda homónima (pois só se refere aos veículos comercializados na Europa), restando apenas saber até quando, dada a imensa popularidade do Purosangue, que certamente elevará o volume de vendas. Talvez por isso, a marca não pretenda desacelerar na electrificação.

Até 2026, o construtor italiano vai lançar 15 novos modelos, incluindo um veículo 100% eléctrico em 2025. Segundo a marca, dentro de três anos, os híbridos serão a maioria (55%), os eléctricos a minoria (5%) e os modelos exclusivamente a gasolina deverão representar os restantes 40%.