A rede social Twitter foi a escolhida pelo presidente da Comissão do Ambiente do Parlamento Europeu, o francês Pascal Canfin, para se congratular com a “morte” há muito anunciada dos automóveis que queimam combustíveis fósseis. O texto final que propunha a proibição da venda deste tipo de veículos ligeiros, na Europa, a partir de 2035, foi redigido em Junho passado com base numa proposta que remonta a Julho de 2021, mas precisava de ser negociado com os diferentes Estados-Membros. Foi agora submetido à votação dos eurodeputados e aprovado.

Significa isto que, dentro de 13 anos, os europeus não poderão adquirir sequer modelos híbridos, o que inclui veículos ligeiramente electrificados (mild hybrid, MHEV), híbridos convencionais (sem bateria recarregável, HEV) e híbridos plug-in (PHEV). Em 2035, os fabricantes de automóveis que vendem na Europa, só poderão comercializar veículos eléctricos, sejam eles a bateria (BEV) ou a célula de combustível a hidrogénio (FCEV).

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Pascal Canfin regozijou-se com a ratificação da proposta e descreveu o acordo alcançado como “histórico”. Por seu lado, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, aplaudiu a decisão, classificando-a como essencial para “impulsionar a inovação e a liderança industrial e tecnológica” da Europa. A medida agora aprovada corresponde ao primeiro acordo no âmbito do “Fit for 55”, o plano europeu de combate às alterações climáticas, que tem por meta reduzir as emissões de gases com efeito estufa em pelo menos 55%, face aos valores registados nos países da União Europeia em 1990.

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Os principais visados com o acordo alcançado, ou seja, os construtores de automóveis passam oficialmente a ter de lidar com a proibição que está no horizonte e preparar-se para banir os motores a gasolina ou a gasóleo. Quando a proposta ainda tinha de ser aprovada quanto às regras finais, várias foram as marcas que se colocaram ao lado dos decisores políticos, reforçando a ideia de que é urgente ser um agente activo na defesa do ambiente e da saúde dos cidadãos. Outras, porém, prefiram colocar a tónica na necessidade de os diferentes Estados contribuírem para a transição para a mobilidade 100% eléctrica, assegurando uma rede de carregamento robusta. Algo que alguns fabricantes têm vindo a fazer a expensas próprias. Aparentemente, esta divergência de posições esboroou-se, pois as agências internacionais relatam que a indústria automóvel reagiu favoravelmente a esta “decisão sem precedentes”, dizendo-se “pronta para assumir o desafio”.

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De recordar que, tal como foi tema da Operação Stop, podcast da Rádio Observador que pode ouvir acima, após alguma pressão exercida sobretudo por parte de Itália, o Parlamento Europeu condescendeu em estabelecer excepções à regra, favorecendo os fabricantes de automóveis com um baixo volume de produção. Dito de outro modo, construtores de hiper ou superdesportivos de luxo, como a sueca Koenigsegg por exemplo. Mas não será de ânimo leve que a salvaguarda desse regime de excepção é chamada “emenda Ferrari”… Essa adenda permite que, em 2035, fabricantes que produzem menos de 10.000 veículos por ano ainda continuem a vender carros que emitem CO2. Porém, só estão isentos da proibição que afecta todos os outros mais um ano, embora se tenha chegado a falar de uma prorrogação de cinco anos. Ou seja, têm até 2036 para também eles se tornarem 100% eléctricos ou deixam de poder vender na Europa. A benesse que lhes foi concedida é que não têm de cumprir o objectivo intermédio de emissões fixado para 2030.