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A Rússia voltou a garantir estar disponível para se sentar à mesa de negociações, mas sublinhou que qualquer negociação deve aceitar as novas “realidades territoriais” – isto é, as anexações russas no leste da Ucrânia.

No habitual briefing diário, o porta-voz do Kremlin, Dimitry Peskov, reiterou que Moscovo não abrirá mão das regiões de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporíjia, territórios anexados em setembro do ano passado e cuja ocupação é considerada ilegal pela comunidade internacional.

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“Há certas realidades que já se tornaram fatores internos. Refiro-me aos novos territórios. A constituição da Federação Russa existe e não pode ser ignorada. A Rússia nunca irá fazer compromissos a este respeito. Estas são realidades importantes”, afirmou o responsável russo, citado pela agência Reuters. Numa repetição da posição anteriormente manifestada, Peskov referiu que o Kremlin está disposto a ouvir propostas de paz, mas apenas se a Ucrânia aceitar o controlo russo sobre as áreas anexadas.

Com uma situação favorável e uma atitude apropriada da parte dos ucranianos, isto pode ser resolvido à mesa das negociações. Mas o mais importante é atingirmos os nossos objetivos”, sublinhou.

Já numa entrevista ao jornal russo Izvestia, publicada esta terça-feira, Peskov garantiu que o Presidente russo, Vladimir Putin, permanece aberto a quaisquer contactos que possam ajudar o país a atingir os seus objetivos na Ucrânia. “Preferencialmente de forma pacífica, à mesa das negociações, mas se isso não é possível, também através dos meios militares“, avisou.

O porta-voz reconheceu que chegaram da parte de alguns líderes europeus, nomeadamente do chanceler alemão, Scholz, e do Presidente francês, Emmanuel Macron, declarações sobre a continuidade dos contactos com Putin. Garantiu, no entanto, que não passaram de intenções e que os responsáveis não levaram em frente essas iniciativas.

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Questionado sobre a possibilidade de negociar com as autoridades ucranianas, Peskov reforçou aquele que tem sido um dos principais argumentos para justificar a invasão russa: a existência de nazis no poder. “O regime que está no poder em Kiev favorece os nazis e as manifestações nazis na sociedade ucraniana. Promove estas manifestações, incita-as em todas as formas possíveis, alimenta e trabalha propositadamente para manter o frenesim nazi na sociedade, usando os média, a desinformação, todo o arsenal de métodos possíveis”.

O porta-voz admite, porém, a possibilidade de conversações com uma pequena força que, quer no interior e exterior do país, se opõe ao regime de Kiev. Considera, porém, que esse cenário só será possível depois de a Rússia atingir os seus objetivos na “operação militar especial” — termo utilizado pelo Kremlin para descrever a guerra na Ucrânia –, uma vez que essa fação teme represálias.

A Ucrânia tem reiterado que só negociará com a Rússia depois das suas tropas se retirarem completamente do território ocupado. Enquanto Moscovo pede o respeito pelas “novas realidades territoriais”, Kiev exige a saída dos russos das regiões anexadas em setembro do ano passado, mas também da península da Crimeia, que desde 2014 está sob controlo da Rússia.

Nesse sentido o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, já apresentou um plano de paz, de dez pontos, que conta com o apoio de vários aliados. Mais recentemente a China, um grande aliado da Rússia, também avançou com uma proposta para o fim do conflito. Se por um lado Kiev se mostrou disposta a considerar algumas ideias, Moscovo considerou que não existem para já as condições necessárias para uma solução pacífica do conflito.