A Google removeu no ano passado mais anúncios do que em 2021 por violação das regras de publicidade online. Em 2022, foram removidos mais de 5,2 mil milhões de anúncios, um aumento de 1,8 mil milhões em relação ao total de 2021. A informação consta do relatório anual “Ads Safety”, no qual a tecnológica faz um ponto de situação sobre a segurança na atividade publicitária.

A empresa norte-americana tem nos anúncios um dos seus grandes motores de receita e desde 2011 partilha números sobre a publicidade que bloqueia, argumentando que é uma forma de ser mais transparente. Destes 5,2 mil milhões, a maior fatia de anúncios removidos está ligada a abuso da rede de publicidade (1,36 mil milhões), seguida por violação de direitos registados (562 milhões). Destacam-se também os anúncios perigosos ligados aos serviços financeiros (198 milhões), com a Google a destacar um aumento da atividade fraudulenta nesta área. Já questões como anúncios a bebidas alcoólicas ou bens contrafeitos têm menor expressividade: 9,2 milhões e 1,3 milhões, respetivamente.

Google remove mais de 3,4 mil milhões de anúncios em 2021

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A Google detalha também que agiu em relação aos anúncios restritos – áreas mais sensíveis em que a atividade publicitária tem de obedecer a regras rígidas e que precisa de ter um alcance limitado. Em 2022 foram limitados 4,3 mil milhões de anúncios deste género, que seriam considerados inapropriados se apresentados a menores de idade, por exemplo. Foram restringidos 237 milhões de anúncios ligados a serviços financeiros, 163 milhões a conteúdo adulto e 130 milhões a anúncios de jogo online.

A Google bloqueou este universo de anúncios recorrendo a sistemas automatizados. No entanto, Alejandro Borgia, diretor da Google para a área da segurança de anúncios, explica que “tudo o que é reportado [manualmente] é analisado pela equipa” da empresa. “Temos humanos a rever tudo o que os nossos sistemas automatizados não conseguirem identificar”, acrescenta durante uma mesa redonda com a imprensa a propósito deste relatório.

Nestes 5,2 mil milhões de anúncios bloqueados estão também 17 milhões de anúncios ligados à guerra na Ucrânia. Em fevereiro de 2022, quando a Rússia invadiu a Ucrânia, a Google muniu-se da categoria de eventos sensíveis para acelerar a tomada de medidas sobre anúncios que tentassem explorar o conflito. Além de bloquear anúncios ligados à guerra, a empresa também impediu a monetização de “mais de 275 sites de media com financiamento estatal” através das plataformas Google. O responsável da empresa garante que a lista “não se limita a financiamento da Rússia”, mas sem apresentar mais detalhes.

O relatório também tem uma área dedicada à atividade de policiamento na área dos editores (publishers) e revela que foi bloqueada ou limitada a exibição de anúncios em mais de 1,5 mil milhões de páginas de editores. As páginas com conteúdos sexuais lideram a lista (1,15 mil milhões), seguidas por conteúdo considerado perigoso (166 milhões) ou páginas que promovem a venda de armas.

Google vai ter centro de transparência de anúncios

A divulgação deste relatório anual é acompanhada pelo lançamento de um centro de transparência de anúncios, que vai ser disponibilizado ao público em geral “dentro de semanas”, diz Alejandro Borgia.

Será aí que o utilizador vai poder pesquisar quando é que determinada empresa fez anúncios nas plataformas da Google, em que regiões e com que formato, além do país de origem do anunciante. Será possível pesquisar por empresa ou site e ver automaticamente a lista de anúncios feitos, com indicação de datas. Os utilizadores também vão poder indicar se um anúncio deve ser bloqueado se for considerado que viola as regras ou especificar se querem ver menos publicidade daquela empresa.

“Estamos empenhados em proteger os nossos utilizadores ao criar uma experiência de anúncios mais segura, confiável e responsável”, diz o responsável da Google, que refere que esta será uma forma de os utilizadores tomarem “decisões online informadas e conscientes”.