O antigo primeiro-ministro Pedro Santana Lopes considera que o Presidente da República “não pode deixar de estar a ponderar [dissolver o parlamento]”. Em declarações ao programa Interesse Público,  esta quinta-feira, o atual presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz disse que “deixar as coisas como elas estão” seria “entrarmos num plano já de degradação grave do sistema”.

“O problema é que este Governo está esgotado e em política é como na vida. É uma relação que se esgotou internamente. Não há ali energia, não há poder, não há inovação. Cada semana que passa já é muito tempo. E o que acontece é cada vez pior e mais grave do que aquilo que aconteceu antes. Penso que o Presidente da República deve estar a ponderar seriamente essa possibilidade” afirma.

Alterar voo de Marcelo para não perder “apoio político” teria custado 200 mil euros à TAP

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Questionado, Santana faz questão de dizer que se refere ao poder de “dissolução” que compete ao Presidente da República. “São tantos casos, tantos. E tanta coisa que se passava, como o povo costuma dizer, nas suas barbas…” insiste, acrescentando que a “degradação chegou ao ponto de revelar uma osmose, uma promiscuidade, um conúbio entre o Estado e o Governo e a gestão de empresas com capitais públicos que é absolutamente inaceitável.”

Estas afirmações têm como contexto a comissão de inquérito da TAP e a revelação de um pedido especial de mudança de voo para Marcelo Rebelo de Sousa, que teria custado 200 mil euros à operadora. Sobre a situação atual da TAP, considera que “o que se passou é grave de mais”.

O agora autarca da Figueira da Foz, contudo, não deixa de dizer que Marcelo “deve ter receio de ir para eleições, é a velha razão de sempre. O Presidente está certamente a ponderar a dissolução mas custa-me a crer… é muito arriscado ir para eleições porque pode ficar sem Governo…”

De uma coisa, Pedro Santana Lopes não tem dúvidas: “A panela do PSD está cheia e pode saltar em relação a essa exigência de demarcação do Presidente. Está a chegar a hora da verdade, a hora da clarificação”. Ou seja, se “Marcelo não fizer nada em relação a esta situação concreta”, os social-democratas podem passar a “considerá-lo definitivamente colado à responsabilidade política pelo que se está a passar, juntamente com o PS”, conclui.