Foram cinco jornadas seguidas a vencer, dois apuramentos europeus e um triunfo épico contra o atual líder da Premier League nas grandes penalidades. Depois, houve Sporting: um empate sem golos contra o Gil Vicente, uma vitória para lá de sofrida no Jamor e com três golos concedidos e a ideia de que se tinha perdido a vaga de fundo para poder sonhar na Liga Europa. A ideia que Rúben Amorim procurava contrariar esta quinta-feira.

Os leões visitavam a Juventus na primeira mão dos quartos de final da Liga Europa e depois do tal complexo triunfo contra o Casa Pia — onde estiveram a vencer em três ocasiões, concederam o empate noutras três ocasiões e só garantiram os três pontos com um golo já nos instantes finais. Amorim foi duro na análise da partida, recordando que a equipa cometeu erros cometidos no empate da primeira jornada do Campeonato contra o Sp. Braga, e tinha noção de que era preciso ser melhor em Itália. Mas continuava a sonhar.

Ficha de jogo

Mostrar Esconder

Juventus-Sporting, 1-0

Quartos de final da Liga Europa

Allianz Stadium, em Turim (Itália)

Árbitro: Halil Umut Meler (Turquia)

Juventus: Szczesny (Mattia Perin, 43′), Gatti, Bremer, Danilo, Cuadrado, Rabiot, Locatelli (Pogba, 85′), Kostic (Fagioli, 63′), Di María (Leandro Paredes, 85′), Milik (Vlahovic, 63′), Chiesa

Suplentes não utilizados: Carlo Pinsoglio, Moise Kean, Bonucci, Miretti, Rugani

Treinador: Massimiliano Allegri

Sporting: Adán, Gonçalo Inácio, Coates, Jeremiah St. Juste (Diomande, 45+4′), Ricardo Esgaio (Bellerín, 77′), Nuno Santos (Matheus Reis, 62′), Morita, Pedro Gonçalves, Marcus Edwards (Dário Essugo, 77′), Trincão, Chermiti (Arthur Gomes, 62′)

Suplentes não utilizados: Franco Israel, André Paulo, Sotiris, Luís Neto, Rochinha, Fatawu, Mateo Tanlongo

Treinador: Rúben Amorim

Golos: Gatti (73′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Gonçalo Inácio (21′), a Rabiot (24′), a Vlahovic (65′)

“Acreditamos que tudo é possível. Principalmente a partir da eliminatória com o Arsenal, por termos vencido e pela forma como jogámos. É óbvio que a equipa tem de acreditar mais. Mas esse jogo tem de ser arrumado porque esta é uma história diferentes. As sensações que tiveram com o Arsenal… Este jogo vai ser completamente diferente. Nós acreditamos, mas temos de ir passo a passo. Temos de usar aquele que não temos no Campeonato, que é o facto de a responsabilidade maior estar do lado da Juventus. Temos de utilizar isso para ter algum conforto no jogo. Passámos por momentos muito difíceis e também transmiti isso aos jogadores. Houve um ano em que fomos campeões, mas nós começámos a ser campeões num ano em que ficámos em 4.º lugar”, atirou o treinador leonino, que procurava entrar na história com a primeira vitória da história do Sporting em território italiano.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Rúben Amorim não podia contar com Paulinho, que continua lesionado, e também não tinha Ugarte, que foi expulso em Londres contra o Arsenal e estava castigado. Assim, lançava Morita no lugar do uruguaio, mantendo Trincão, Edwards e Chermiti no ataque e Pote no meio-campo, e trocava Diomande e Matheus Reis por Gonçalo Inácio e St. Juste no trio de centrais. Do outro lado e depois de ter estado em dúvida durante praticamente toda a semana, Vlahovic começava no banco e Massimiliano Allegri colocava Di María, Milik e Chiesa no setor ofensivo.

A Juventus começou ligeiramente melhor, com Milik a fazer o primeiro remate do jogo com um pontapé de fora de área que passou por cima da baliza (6′) e Chiesa a obrigar Adán a uma grande defesa após atirar cruzado (12′). Di María surgia muito solto do lado direito, sem grande oposição de Nuno Santos ou Gonçalo Inácio, e procurava quase sempre o passe longo a descobrir a transição de Chiesa nas costas de Esgaio. Ainda assim, o Sporting nunca baixava demasiado as linhas, mantendo os setores subidos e com ligação, e nunca permitiu um domínio total dos italianos.

Morita protagonizou a primeira ocasião mais perigosa por parte dos leões, com um remate rasteiro de fora de área que passou muito perto da baliza (20′), e esse momento acabou por abrir a porta a um período de completo ascendente do Sporting em Turim. Coates ficou muito perto do golo, com um pontapé que Szczesny defendeu (29′), Pote forçou o polaco a outra intervenção apertada (30′) e Nuno Santos também atirou na sequência de um livre mas Bremer intercetou (33′).

Os leões voltavam a demonstrar-se muito perdulários, um pecado que já cometeram várias vezes ao longo da temporada, mas iam realizando uma exibição muito positiva em Turim. A equipa de Rúben Amorim estava totalmente instalada no meio-campo adversário, forçando o erro da Juventus e raramente permitindo a transição ofensiva dos italianos, controlando por completo o último quarto de hora da primeira parte. Aí, o destaque claro ia para a exibição de Morita, que era dono e senhor do meio-campo e isolava-se enquanto melhor elemento do Sporting.

A primeira parte chegou ao fim ainda sem golos, apesar das repetidas oportunidades leoninas, e ambos os treinadores foram ainda obrigados a substituições forçadas: Allegri teve de trocar o guarda-redes Szczesny por MattiaPerin, já que o polaco sentiu um desconforto na zona do peito e pediu para sair, e Amorim teve de trocar St. Juste por Diomande, já que o neerlandês teve um problema muscular após um sprint e não conseguiu permanecer em campo, saindo em lágrimas.

Nenhum dos treinadores fez alterações ao intervalo e o Sporting voltou a demonstrar alguma superioridade no início da segunda parte, com Pote a ficar desde logo perto do golo com um remate que Mattia Perin defendeu (47′). A Juventus reagiu a partir dos 50 minutos, beneficiando de alguma posse de bola no último terço adversário e criando lances perigosos mas sem finalização, e o jogo era tendencialmente mais discutido na zona do meio-campo e menos explorado junto às balizas.

Allegri e Amorim decidiram mexer ao mesmo tempo, à passagem da hora de jogo: o italiano trocou Kostic e Milik por Vlahovic e Fagioli, enquanto que o português tirou Chermiti e Nuno Santos e lançou Arthur e Matheus Reis, passando Trincão a ser a referência ofensiva pelo corredor central. A partida foi perdendo características e a Juventus, já dentro dos últimos 10 minutos, acabou mesmo por conseguir abrir o marcador.

Di María cruzou na direita para o segundo poste, Adán saiu totalmente em falso e permitiu o cabeceamento de Vlahovic; Coates ainda evitou o golo num primeiro momento mas Gatti, na recarga, não perdoou (73′). Amorim reagiu com outra dupla substituição, trocando Esgaio e Edwards (que não teve das noites mais brilhantes pelos leões) por Bellerín e Essugo, e integrou Pote no trio ofensivo para tentar ir atrás do empate e da reentrada na eliminatória. Contudo, até ao fim e com uma dupla defesa de Perin a remates de Pote e Trincão (90+1′), já nada mudou.

O Sporting sofreu a primeira derrota em dois meses, já que não perdia desde o desaire com o FC Porto em fevereiro, e vai decidir a eliminatória dos quartos de final da Liga Europa contra a Juventus na próxima semana e em Alvalade. Os leões foram melhores, dominaram durante grande parte do jogo, tiveram mais oportunidades — mas não marcaram. E sofreram. E alguém tem de ensinar a esta equipa que uma das principais máximas do futebol é a de que quem não marca, sofre.