A federação sindical dos trabalhadores do setor energético em França anunciou esta semana que vai promover “100 dias de ação e raiva” contra o governo de Emmanuel Macron, para exigir o recuo no aumento da idade da reforma e protestar contra aquilo que classifica como os “métodos antidemocráticos” usados pelo executivo para fazer avançar a medida.

A ação de protesto, além de um “dia nacional de raiva na energia” no dia 3 de maio, incluirá várias greves e perturbações no fornecimento de energia especificamente direcionadas aos locais onde os membros do governo francês se deslocarem, o que poderá colocar em risco o abastecimento energético a eventos de dimensão mundial como o festival de cinema de Cannes (16-27 maio), o Grande Prémio do Mónaco em F1 (26 maio) ou o torneio de Roland Garros (28 maio-11 junho).

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Os protestos são promovidos pela Federação Nacional de Minas e Energia (FNME), que é um dos ramos da Confederação Geral do Trabalho (CGT), a segunda maior central sindical francesa.

“Macron prometeu 100 dias de apaziguamento, nós prometemos-lhe 100 dias de ação e de raiva. Está longe de ser um tempo de resignação”, lê-se numa nota da FNME, citada pelo jornal Le Figaro. No comunicado, a organização garante que os seus protestos vão ser “imaginativos” e descreve a ação como uma “grevilla” — uma guerrilha de greves — que vai incluir “perturbações de energia” nas deslocações dos membros do executivo francês.

“Em maio, façam o que quiserem”, diz ainda o comunicado. “O festival de cinema de Cannes, o Grande Prémio do Mónaco, o torneio Roland Garros e o festival de Avinhão podem acabar no escuro! Não vamos desistir.”

A notícia surge dias depois de Emmanuel Macron ter apresentado um plano de ação para 100 dias de apaziguamento, após várias semanas marcadas por violentos protestos em França contra o aumento da idade da reforma de 62 para 64 anos. Macron quer abrir canais de comunicação com os sindicatos para debater outros tópicos, incluindo a melhoria das condições de trabalho, mas está a enfrentar a resistência das organizações laborais, que recusam discutir outros assuntos enquanto o aumento da idade da reforma não for revertido.

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Apesar de os últimos três meses terem sido marcados pelos fortes protestos, o que é certo é que a lei do aumento da idade da reforma foi mesmo para a frente, tendo o governo de Macron usado um expediente constitucional para evitar uma votação na câmara baixa do parlamento francês. Em resposta, os sindicatos garantiram que o próximo dia 1 de maio, Dia do Trabalhador, vai ser marcado por fortes protestos.