AT2021lwx: pode parecer uma conjugação aleatória de números e letras, mas é este o nome que os astrónomos estão a usar para batizar a maior explosão cósmica já registada, uma bola de fogo que se estima que tenha 100 vezes o tamanho do sistema solar.

A descoberta, conta o The Guardian, começou quando uma equipa de astrónomos reparou num piscar no céu que aparentemente nada tinha de anormal, em junho de 2020. Mas, afinal, a investigação — que dura há anos e foi publicada no documento que resume as novidades mensais da Royal Astronomic Society — concluiu que se trata de um fenómeno excecional, provavelmente causado por um buraco negro gigante que sugou gás e provocou essa explosão.

O jornal explica que a explosão, que estará a acontecer a oito mil milhões de anos luz, é dez vezes mais brilhante do que qualquer supernova conhecida. E já está a decorrer há três anos.

No documento que detalha o resultado da investigação, o AT2021lwx é descrito como “um acontecimento extraordinário” que não se encaixa na definição de qualquer evento “transitório” conhecido, podendo ter por base uma “nuvem molecular gigante”.

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O astrónomo na Universidade de Southampton que liderou a investigação, Philip Wiseman, citado pelo jornal britânico The Guardian, explica que a explosão passou despercebida durante cerca de um ano. Mas com o passar do tempo foi ficando mais brilhante, e acabou por chamar a atenção dos especialistas.

Cientistas usam técnica nova para detetar um dos maiores buracos negros já observados

Agora, os astrónomos calculam que em três anos a explosão terá libertado 100 vezes mais energia do que o sol liberta na sua vida inteira. Não é, ainda assim, a explosão mais brilhante de que há registo — mas é muito mais duradoura do que as mais brilhantes.

Os astrónomos perceberam que, perante a dimensão calculada da explosão, não seria plausível que se tratasse de uma supernova nem de uma estrela que se tivesse aproximado demasiado de um buraco negro, pelo que a tese que consideram mais provável é mesmo que se trate de uma concentração de gás que pode ter sido absorvida pelo buraco negro. Tudo depois de uma possível colisão de galáxias, acrescenta o Guardian.

Agora, os cientistas pedem à comunidade de astrónomos que se mantenha atenta a outros acontecimentos semelhantes que possam dar pistas para ajudar a perceber e estudar melhor esta explosão.