O exército mexicano vai passar a gerir 80% dos fundos das taxas que cada turista paga para entrar no território. Em breve, qualquer estrangeiro que viaje para o país da América Latina vai estar a ajudar a financiar diretamente as forças militares.

A medida proposta pelo Presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, prevê a criação de uma empresa, gerida pelo exército, que será responsável pelos fundos vindos do turismo, caminhos de ferro, aeroportos e cultura.

O México é um dos países que recebe mais turistas por ano. Segundo o jornal El Confidencial, só em 2019 contou com mais de 45 milhões de visitantes. Para entrar — seja por via aérea, marítima ou terrestre —, é obrigatório pagar uma taxa de cerca de 25 euros por pessoa. Se viajar de avião, está incluída nos bilhetes, se a entrada for feita por terra deve ser paga na fronteira.

Este será mais um avanço da militarização do país. Se antes as forças armadas estavam apenas encarregues da segurança nacional, agora parecem estar em todo o lado — até mesmo na praia, como aconteceu na semana da Páscoa.

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Para além de estarem envolvidas na construção do Aeroporto Felipe Ángeles, inaugurado em 2022, e do comboio turístico “Tren Maya”, podem vir a administrar uma nova companhia aérea comercial, cuja criação foi promulgada na semana passada.

De acordo com o El Confidencial, Braulio Arsuaga, Presidente do Conselho Nacional Empresarial do Turismo, não está de acordo com a criação de uma empresa gerida pelo exército para o turismo. Naquele que é considerado o país mais corrupto da OCDE — de acordo com o Índice de Perceção da Corrupção de 2022 —, os destinos turísticos e o património cultural deviam estar, segundo o mesmo, nas mãos de empresas especializadas.

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Apesar do receio que a presença do exército no poder possa causar entre a população, em 2021 um inquérito concluiu, segundo o mesmo jornal, que 40% dos mexicanos concordavam com um governo liderado por militares. As razões principais baseavam-se na insegurança, corrupção crescente e no empobrecimento do país.