Pelo menos 100 crianças estavam a bordo do barco sobrelotado que naufragou ao largo da costa da Grécia na quarta-feira. A estimativa foi avançada pelos sobreviventes, todos homens, que contaram que também havia mulheres a bordo.

Apesar de o número ainda não ter sido confirmado, os médicos do Hospital de Calamata, no sul da Grécia, citados na BBC, e a organização não governamental Save the Children corroboram a informação, citando os testemunhos.

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“Os sobreviventes disseram-nos que havia crianças no porão do navio. Crianças e mulheres”, disse o médico Manolis Makaris, chefe do departamento de cardiologia do Hospital de Calamata, acrescentando: “Um disse-me que seriam cerca de 100 crianças, o outro cerca de 50, por isso não sei a verdade. Mas são muitas”.

As autoridades estimam que cerca de 750 migrantes seguiam no barco de pesca com destino a Itália e dizem que nenhum deles usava colete salva-vidas: “O barco tinha 25 a 30 metros de comprimento. O convés estava cheio de pessoas e presumimos que o interior estivesse igualmente cheio”, disse um porta-voz da guarda costeira, citado no The Guardian.

Até ao momento, as equipas de resgate já salvaram 104 passageiros, todos homens de origem egípcia, síria, paquistanesa, afegã e palestina. Foram ainda registadas 79 vítimas mortais, mas as autoridades estimam que o número seja muito superior.

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“Neste momento tudo não passa de suposições, mas estamos a trabalhar com a hipótese de que estejam desaparecidas 500 pessoas”, afirmou Nikolas Spanoudakis, inspetor da polícia, citado no jornal britânico.

Os sobreviventes têm idades entre os 16 e os 40 anos. Segundo a chefe da delegação da ACNUR, quando foram resgatados estavam numa “situação muito difícil, em estado de choque”. “Eles querem entrar em contacto com as suas famílias para dizer que estão bem e continuam a perguntar sobre os desaparecidos. Muitos têm amigos e familiares desaparecidos”, explicou Erasmia Roumana.

“Os sobreviventes estão em estado choque”. Autoridades da Grécia continuam buscas após naufrágio

Vinte e nove dos sobreviventes estão hospitalizados, a maioria com sintomas de hipotermia. Funcionários do governo grego disseram que os sobreviventes serão transferidos entretanto para um abrigo para migrantes perto de Atenas.

De acordo com o The Guardian, as autoridades gregas detiveram na quinta-feira nove homens de origem egípcia suspeitos de tráfico humano e de terem planeado a viagem ilegal com destino a Itália.

Na manhã desta sexta-feira, as buscas continuavam, ainda que um almirante grego reformado, Nikos Spanou, citado no mesmo jornal, tenha lembrado que as hipóteses de encontrar mais sobreviventes são “mínimas”.