As ondas de calor não são exclusivas da Península Ibérica e existem vários países onde o calor se faz sentir desde a semana passada, com temperaturas a bater recordes, como é o caso de Pequim.

Na China, foi dado o alerta vermelho, nível mais elevado do sistema de alerta do país, para temperaturas que podiam ultrapassar os 40ºC no fim de semana passado em Hebei, Henan, Shandong, Mongólia Interior e Tianjin, já a capital Pequim chegou a atingir 41ºC e estabeleceu um novo recorde do dia mais quente em junho, como noticia o ABC Sociedad.

Os meios de comunicação estatais registaram temperaturas à superfície do solo superiores a 70ºC em Shandong, a segunda província mais populosa da China e um dos principais produtores de cereais, que sofrerá consequências económicas devido à perda das colheitas e que, apesar da diminuição das temperaturas na segunda-feira, espera que regressem em força no próximo fim de semana.

Estados Unidos, México e América Latina com impactos evidentes

Nos Estados Unidos da América, o calor extremo levou a que as autoridades alertassem a população para os riscos elevados para a saúde, nomeadamente nos estados do Texas e da Flórida, onde estiveram previstas na segunda-feira temperaturas entre os 33ºC e os 53ºC, afetando 41 mil pessoas, segundo o jornal The Washington Post.

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Também no México se tem registado temperaturas superiores a 45ºC em várias partes do país, o que levou a um consumo recorde de eletricidade e o Centro Nacional de Controlo de Energia (Cenace) a informar esta terça-feira que a rede entrou em estado de emergência, atingindo uma margem de reserva operacional de 6%. A agência acrescentou ainda que a última vez que tinha sido declarado estado de emergência foi durante uma onda de frio em fevereiro de 2021.

Já no Uruguai, o país lida há vários anos com a situação de seca e com temperaturas elevadas mas, na segunda-feira o Presidente Luis Lacalle Pou declarou uma “emergência hídrica na área metropolitana” depois de os habitantes serem obrigados a beber água salgada da torneira, devido à empresa de abastecimento público misturar água salgada do Río de la Plata com água potável do reservatório, e de os trabalhadores estarem a perfurar poços no centro da capital para chegar à água por baixo do solo, como noticia a CNN.

Os impactos da seca são evidentes e é possível ver o Canelón Grande, um reservatório essencial para o fornecimento de água a mais de um milhão de pessoas na capital de Montevidéu, reduzido a um campo com lama que se pode atravessar a pé. O Paso Severino, outro reservatório que abastece 60% do país com água doce, registou a maior diminuição dos níveis de água e, de acordo com os meios de comunicação locais, poderão ficar esgotados no início de julho.

Devido à escassez de água potável, as vendas de águas engarrafadas dispararam 224% no mês de maio, em relação ao ano passado, mas existe uma parte da população que não tem dinheiro para comprar e continua a beber água salgada, chocando os moradores do Uruguai, um dos países mais ricos da América do Sul. O Presidente Luis Lacalle Pou já anunciou que vai construir uma barragem e criar um novo sistema de distribuição de água no rio San José, que servirá como fonte alternativa.

A vizinha Argentina também sofre atualmente com a pior seca das últimas décadas, com graves impactos na agricultura, embora os cientistas tenham concluído que a principal causa da seca na Argentina e Uruguai não foi a crise climática, mas sim as práticas consumistas da população.

Temperaturas na Índia chegaram aos 46º graus

Na Índia, o calor chegou na semana passada, depois da passagem do ciclone tropical Biparjoy, ao centro e leste do país, causando uma centena de mortes por doenças no estado de Uttar Pradesh, segundo a CNN. As temperaturas chegaram a atingir 46ºC no norte e este do país, mas as temperaturas desceram drasticamente em Lucknow, para 32ºC, enquanto se registava a primeira chuva da época das monções deste ano.

De acordo com o Departamento Meteorológico Indiano, a chuva no estado de Uttar Pradesh vai continuar ao longo desta semana e as temperaturas vão descer, mas no estado vizinho de Bihar, o calor extremo, que já provocou pelo menos 44 mortes por insolação, prolonga-se, obrigando ao fecho das escolas até quarta-feira.

Apesar de os meses de abril, maio e junho serem geralmente os mais quentes na Índia, na última década as temperaturas têm se tornado mais intensas e a previsão dos altos níveis de mercúrio no país indicam que é um dos mais vulneráveis a sofrer com os efeitos da crise climática, com ondas de calor mais frequentes e mais longas no futuro.

No Paquistão, a situação foi semelhante ao país vizinho e, em Islamabad foram registadas temperaturas de 39 ºC na semana passada, seguidas de chuva no fim de semana.

A Organização Mundial de Saúde informa que estes episódios “são cada vez mais frequentes, duradouros e intensos” e que, entre 1998 e 2017, mais de 166 mil pessoas morreram em todo o mundo devido a vagas de calor. Desse valor total, 70 mil vítimas verificaram-se na Europa.

O que acontece ao corpo com as ondas de calor e como se pode prevenir?

A exaustão por calor caracteriza-se pela perda de sais minerais e água durante o suor e inclui sintomas como náuseas, tonturas, sede, dores musculares, suor intenso, pele fria, pálida e molhada, pulsação rápido e fraco e dores de cabeça. A humidade aumenta a abstinência do corpo, à medida que a sua temperatura se aproxima da temperatura do corpo, tornando mais difícil a habilidade de arrefecer o corpo, o que leva a evaporação do suor a ser mais lenta. Para prevenir a exaustão pelo calor, deve-se dar preferência a lugares mais fresco e tomar banhos frio e, no caso de os sintomas piorem, como vómitos ou confusão mental, é recomendado ir ao médico, como indica um vídeo da CNN.

A exaustão por calor é confundida muitas vezes com a insolação, sendo a segunda mais séria. A insolação caracteriza-se pelo aumento da temperatura corporal até aos 40ºC, combinada com a pele seca e quente, confusão mental e uma pulsação rápida e forte, uma vez que o coração é afetado pelo calor. Para evitar insolações, deve-se optar por bebidas com eletrólitos para manter a hidratação, beber água antes de sair de casa e a cada 20 minutos.