A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) lançou esta quinta-feira uma campanha de emergência de distribuição de sementes para os agricultores afetados pelo conflito no Sudão, desencadeado em 15 de abril.

“Esta é uma resposta à urgência da atual época de produção das principais culturas (junho-outubro de 2023) no país (…) A FAO planeia alcançar e ajudar mais de um milhão de agricultores vulneráveis e as suas famílias (5 milhões de pessoas)”, segundo um comunicado da agência da ONU.

Um total de 10 mil toneladas de sementes de sorgo, painço, amendoim e gergelim serão distribuídas para plantação em 17 estados, detalhou a FAO.

A distribuição de sementes permitirá aos agricultores vulneráveis “plantar e produzir alimentos suficientes (até 3 milhões de toneladas de cereais) entre novembro e dezembro de 2023 para cobrir as necessidades de cereais de 13 a 19 milhões de pessoas”, segundo a agência das Nações Unidas.

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A necessidade de um apoio agrícola rápido no Sudão é primordial. Embora haja muito trabalho pela frente, estamos totalmente empenhados em aproveitar a oportunidade desta época crucial de plantação e os nossos esforços no terreno continuam diariamente”, disse o representante da FAO no Sudão, Hongjie Yang, citado na nota.

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Segundo o responsável, o objetivo é “ultrapassar os complexos desafios logísticos e de segurança para continuar a fazer chegar esta ajuda urgente aos agricultores do país”.

Até à data, a FAO entregou 3,3 toneladas de sementes em oito estados (Nilo Azul, Gedarif, Kassala, Sennar, Nilo Branco, Mar Vermelho, Cordofão do Sul, Cordofão do Norte) e iniciou a distribuição aos agricultores.

O Sudão depende em grande parte da sua atividade agrícola, que foi gravemente afetada pelo conflito que começou a desenhar-se em 15 de abril, com o início dos confrontos entre o exército regular, liderado pelo “homem forte” do país, general Abdel Fattah al-Burhan, e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), comandado pelo também general Mohamed Hamdane Daglo

Os confrontos mataram mais de 3.000 pessoas e feriram mais de 6.000 outras, revelou no mês passado na televisão o ministro da Saúde, Haitham Mohammed Ibrahim.

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Todavia, segundo médicos e ativistas, o número de vítimas é provavelmente muito superior.