A promessa de desenvolver um veículo capaz de disputar as provas dos maiores campeonatos de resistência materializou-se finalmente, com a Lamborghini a apresentar o SC63 LMDh, um protótipo segundo o regulamento Le Mans Daytona hybrid (LMDh). A revelação ocorreu durante o Festival de Velocidade em Goodwood e perante uma multidão de adeptos de carros de competição e não só.

O SC63 LMDh foi desenvolvido pela Lamborghini Squadra Corse de acordo com a categoria Hypercar, que junta a solução preconizada pelas autoridades europeias – que organizam o Campeonato do Mundo de Resistência (WEC) com os Le Mans Hypercar (LMH) – com a preferida pelos norte-americanos, que montam o International Motor Sports Association (IMSA) com os LMDh –, mas cuja competitividade tem a paridade garantida pelo regulamento dos Hypercar, para que o mesmo modelo possa correr em ambos os campeonatos. As provas são extremamente disputadas e o ritmo é alucinante, com as equipas a encararem corridas de 24 horas como se tratassem de provas de sprint de apenas uma ou duas horas.

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A opção da Lamborghini em conceber o SC63 de acordo com a regulamentação da IMSA, em vez dos LMH do WEC deve-se à rapidez como é possível tornar o veículo competitivo, bem como à redução dos custos. É que enquanto nos LMH o construtor tem de desenvolver chassi, motor, bateria, motor eléctrico e todo o sistema híbrido, no LMDh os fabricantes recorrem a um ecossistema já instalado, em que contratam o chassi a um dos vários fabricantes homologados e usam o sistema híbrido que é comum a todos os concorrentes (como explicou o director da Alpine, Bruno Famin), a que associam o seu motor de combustão.

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No caso da Lamborghini, a unidade a combustão utilizada é um 3.8 V8 biturbo, concebido especificamente para competição e não derivado de um veículo de série. A potência debitada por esta unidade é importante, tal como é a resistência e sobretudo o consumo, uma vez que, por regulamento dos Hypercars, a potência associada do motor de combustão e da unidade eléctrica não pode ultrapassar 500 kW, cerca de 680 cv. Curiosamente, este V8 é um cold V e não um hot V, uma vez que mantém as admissões no centro do “V” e os escapes por fora, precisamente ao contrário da Ferrari, o que não é a solução mais eficaz. Mas o responsável técnico da Lamborghini argumenta que o cold V é mais fácil de refrigerar e, principalmente, de assistir, caso algo corra menos bem.

O CEO da Lamborghini, Stephan Winkelmann, afirma que “o SC63 é o modelo mais sofisticado e avançado da história da marca”, realçando o facto de surgir num momento em que o construtor também está a avançar rumo à electrificação dos seus modelos de série. E isto abrange os desportivos de dois lugares, bem como o SUV, com características mais familiares.

Agora, com o carro já apresentado, falta esperar pela equipa de pilotos, que ainda não foi divulgada na íntegra. Mas sabe-se que incluirá os já pilotos da Lamborghini Andrea Caldarelli e Mirko Bortolotti, a que se deverão juntar ex-craques de F1 como Romain Grosjean e Daniil Kvyat.