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Passaram-se 510 dias desde que a Rússia invadiu a Ucrânia. Esta terça-feira, 18 de julho, fica marcada por dois acontecimentos principais: Moscovo admite ter lançado um “ataque de vingança em larga escala” no sul da Ucrânia, depois da explosão, no dia anterior, da ponte que liga a Rússia à Crimeia. Por outro lado, continuam as reações à saída da Federação Russa do acordo de cereais.

O que aconteceu durante a noite?

  • Depois da explosão em junho, a central hidroelétrica de Kakhovka vai ser reconstruída. O anúncio foi feito pelo governo ucraniano e deverá levar dois anos. Segundo o primeiro-ministro Denys Shmyhal, esta é uma decisão importante para a agricultura e para a economia do país.
  • O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano rejeitou na ONU os apelos a uma “paz abstrata” feitos por diversos países e comentadores, considerando que estes pretendem sobretudo favorecer a Rússia. “Continuamos a ouvir alguns apelos a uma paz abstrata, mas a maioria não pretende de facto dizer paz, antes outra coisa”, disse Dmytro Kuleba.
  • Durante a tarde, os líderes da União Europeia (UE) e da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) condenaram, com exceção da Nicarágua, a guerra da Ucrânia sem mencionar a Rússia, após vários dias de divergências sobre a declaração final.
  • A Arábia Saudita e a Turquia estão a mediar negociações entre Kiev e Moscovo, com o objetivo de repatriar crianças ucranianas levadas para a Rússia, avança o Financial Times. Ucrânia e Rússia recusam falar entre si e todo o processo de negociação — que dura há vários meses — tem de passar por mediadores.
  • Depois de Putin, o Presidente da Bielorrússia pode estar na mira do Tribunal Penal Internacional (TPI). O Parlamento Europeu apelou esta terça-feira ao TPI para emitir um mandado de prisão contra Alexander Lukashenko.
  • O Kremlin vai tentar que a reeleição do Presidente russo, Vladimir Putin, aconteça com mais de 80% dos votos nas eleições previstas para março de 2024, avançou hoje o portal de notícias independente Meduza, citando fontes oficiais.
  • A Polónia decidiu aumentar a defesa na sua fronteira com a Bielorrússia, devido à presença do Grupo Wagner no país vizinho. Segundo a imprensa russa, o ministro da defesa polaco, foram enviados dois batalhões de militares e mais equipamento militar para a região.
  • O Presidente da Ucrânia lembrou que no ano passado apenas foi possível “evitar uma crise de preços no mercado global de alimentos” devido à existência do acordo sobre os cereais. Por essa razão, Volodymyr Zelensky revelou que está a levar a cabo ações para preservar o “papel global da Ucrânia” como um “garante da segurança alimentar”.

O que aconteceu durante a tarde e a noite?

  • Há dois ou três anos, ninguém pensava que Kherson e Zaporíjia seriam parte da Federação Russa, disse o general russo Vladimir Dzhabarov. Pegando nesse exemplo, e citado pela agência estatal Ria Novosti, o general defende que as regiões de Odessa e Nikolaev também querem fazer parte da Rússia. Num referendo ganharia o “sim”, defendeu.
  • Primeiro foram enviados jet skis, depois, drones. Segundo escreve o jornal russo Kommersant, que cita fontes anónimas, o ataque de segunda-feira à ponte de Kerch foi feito em dois momentos diferentes. “Foram enviados jet skis com controle remoto e explosivos, que foram descobertos e abatidos pelos defensores da ponte”, escreve o jornal. De seguida, “veículos de combate regulares mais avançados, e não veículos improvisados”, causaram a explosão na ponte.
  • Rússia aumenta a idade limite para mobilização de militares. O aumento é de cinco anos, segundo a nova legislação aprovada pelo parlamento russo nesta terça-feira. Assim, para patentes mais altas, significa poder ser mobilizado até aos 70 anos, ao invés dos 65 atuais. Quem já tenha cumprido o serviço militar obrigatório pode ser chamado a ingressar as forças militares até aos 40, 50 ou 55 anos, consoante a categoria que detenha.
  • Durão Barroso diz que suspensão de acordo dos cereais “é gravíssima” e deve ser corrigida. O ex-presidente da Comissão Europeia Durão Barroso condenou hoje a suspensão anunciada na segunda-feira pela Rússia do acordo dos cereais, alertando que o preço a pagar pelos mais vulneráveis “é gravíssimo” e esperando que Moscovo reverta a sua posição.
  • Apesar de ter bombardeado dois portos no sul da Ucrânia, em Odessa e Mikolayv, a Rússia ainda “está a preparar” outras ações de retaliação ao ataque ucraniano à ponte da Crimeia, referiu Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin.
  • Moscovo está disponível para fornecer gratuitamente cereais a países africanos, reiterou o Kremlin, após a suspensão da iniciativa do Mar Negro para a exportação de cereais ucranianos.

Rússia reitera que está disponível para fornecer gratuitamente cereais a países africanos

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O que aconteceu durante a manhã e a madrugada?

  • A ponte de Kerch, atacada na segunda-feira, não vai retomar o normal funcionamento até novembro, revelou o vice-primeiro-ministro russo Marat Khusnullin, segundo a Sky News. A informação foi transmitida ao presidente russo durante uma reunião entre Vladimir Putin e Khusnullin. O plano é abrir um lado da ponte para o tráfego bidirecional até 15 de setembro e o outro lado em novembro.
  • Associação dos Ucranianos em Portugal queixa-se a Bruxelas da ligação do Alto Comissariado para as Migrações a agências pró-russas, acusando o ACM de continuar a ter forte apoio por parte das “fundações e agências de propaganda russa”
  • Rússia admite ter lançado “ataque de vingança em larga escala” no sul da Ucrânia. Segundo o Ministério da Defesa russo, foram conduzidos vários ataques contra as cidades portuárias de Odessa e Mykolaiv.

Rússia lançou “ataque de vingança em larga escala” em retaliação pelo ataque ucraniano à ponte de Kerch

  • A Ucrânia garantiu ter abatido os seis mísseis Kalibr lançados pela Rússia, bem como 31 dos 36 drones Shahed, de fabrico iraniano, dirigidos ao sul do país.
  • As tropas russas que controlam a cidade de Bakhmut, no norte da região de Donetsk, podem estar “fragilizadas”, diz o Ministério da Defesa do Reino Unido, no seu habitual relatório diário com a descrição da situação no terreno. Ainda assim, o exército russo continua, por agora, a controlar Bakhmut.
  • Na frente leste da guerra, a Ucrânia admite uma “situação complicada”, sobretudo no nordeste da região de Kharkiv, com a Rússia a concentrar tropas na direção da cidade de Kupiansk. Ainda assim, o general Oleksander Syrskyi, comandante das forças terrestres da Ucrânia, citado pela SkyNews, garante que a “situação está sob controlo”.
  • TQ Samsun, o último navio a deixar a Ucrânia carregado com cereais antes de a Rússia se recusar a prolongar o acordo que permitia a exportação através o Mar Negro, chegou esta noite a Istambul, na Turquia.
  • Moscovo diz que impediu um novo ataque ucraniano com 28 drones na Crimeia. As forças aéreas russas dizem ter destruído 17 drones e intercetado outros 11, disse o Ministério da Defesa, acrescentando que “o ataque terrorista” não causou vítimas ou danos.
  • Se a Rússia diz que impediu ataques na Crimeia, a Ucrânia diz que fez o mesmo com “várias vagas” de drones russos no sul do seu território, durante a noite.