O conflito no Sudão já causou, desde abril, mais de quatro milhões de deslocados, segundo a agência da ONU para os Refugiados, que se mostrou preocupada com a deterioração das condições sanitárias nos campos que acolhem parte desta população.

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“A situação é insustentável, numa altura em que as necessidades excedem largamente as que podem ser satisfeitas com os recursos disponíveis“, afirmou o porta-voz da Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), William Spindler, numa conferência de imprensa, sublinhando que a situação é igualmente grave nos postos fronteiriços e nos centros de trânsito dos países vizinhos.

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De acordo com a fonte oficial, no estado meridional do Nilo Branco, a falta de medicamentos essenciais e de outros bens está a afetar gravemente os serviços de saúde e de alimentação em dez campos de refugiados, onde chegaram 144.000 pessoas provenientes de Cartum, a capital sudanesa.

Os serviços mentais e psicossociais são praticamente inexistentes“, acrescentou Spindler, que referiu a ocorrência de pelo menos 300 mortes no Sudão entre maio e julho, na sua maioria crianças com menos de 05 anos, devido à subnutrição ou a surtos de doenças como o sarampo.

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“Se o financiamento dos programas de ajuda continuar a sofrer atrasos, é provável que este número aumente“, realçou Spindler, que também previu um aumento dos casos de cólera e de malária nos próximos meses devido às inundações e à falta de instalações adequadas de água e saneamento.

Antes da eclosão dos combates, em 15 de abril, o país africano era governado por uma junta liderada pelo general Abdel Fattah al-Burhan, cujo “número dois” era o chefe militar das RSF, Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido por ‘Hemedti’.

As divergências entre os dois sobre a integração dos paramilitares num futuro exército unificado acabaram por degenerar neste conflito.