O presidente do Vox, Santiago Abascal, confirmou, esta terça-feira, ao Rei Felipe VI que vai apoiar a investidura do líder do Partido Popular (PP), Alberto Núñez Feijóo, que revelou ao monarca que aceitaria com “honra” essa responsabilidade. Por sua vez, o chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, desvalorizou a aliança entre os partidos e garantiu que só uma “maioria possível”: “Uma progressista liderada pelo PSOE”.

Na sessão com o Rei ao final da manhã, Santiago Abascal deu apoio ao líder do PP, mas impôs uma condição: que a força partidária liderada por Alberto Núñez Feijóo “não colabore de nenhuma forma com o cordão sanitário” que se pretende “estabelecer” à volta do Vox.

Esta decisão surge um dia após o Vox ter ameaçado que não apoiaria uma investidura do PP por conta de os populares não terem votado em nenhum candidato do partido de Santiago Abascal para fazer parte da Mesa do Congresso.

Em declarações aos jornalistas citado pelo El País, Santiago Abascal relembrou esse episódio, pedindo ao líder do PP que mostre “respeito aos eleitores do Vox”, que não entendem “que a terceira força política tenha ficado fora da Mesa do Congresso”. Para mais, insistiu que os populares têm de “valorizar” os acordos firmados em várias comunidades autónomas e regiões.

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Santiago Abascal salientou que é necessário um governo de direita para “recuperar a neutralidade das instituições”. É igualmente preciso, disse o líder partidário, um “compromisso para acabar com a pretensão de algumas minorias de impor um apartheid aos três milhões de espanhóis” que votaram no Vox.  

Esta terça-feira, o Rei Felipe VI, após encontrar-se com Alberto Núñez Feijóo, vai reunir-se com a presidente do Congresso dos Deputados, Francina Armengol, para determinar que candidato poderá apresentar-se à investidura.

Neste momento, Alberto Núñez Feijóo tem assegurado o apoio de 172 deputados: os 137 do PP, 33 do Vox, 1 do UPN e 1 da Coalición Canária. Ainda assim, faltam-lhe seis para conseguir formar governo.

Feijóo anuncia que quer apresentar-se à investidura e ataca socialistas: “Querem converter os que ganharam as eleições em perdedores”

Após encontrar-se com o Rei Felipe VI esta tarde, Alberto Núñez Feijóo fez o esperado: anunciou que quer apresentar-se a uma votação do Congresso de Deputados para se tornar o próximo chefe do governo espanhol. “Aceitaria com honra e com lealdade consciente da responsabilidade que vivemos neste momento.”

Dando três razões pelas quais merece ser elegido pelo Rei para tentar chefiar o próximo governo espanhol, o líder do Partido Popular lembrou que é o “candidato do partido que venceu as eleições gerais”, que tem o apoio de “quatro partidos” — VOX, Coalición Canária e UPN —, e que é o “seu dever”.

Alberto Núñez Feijóo aproveitou a conferência de imprensa desta tarde para agradecer àqueles três partidos, deixando uma mensagem ao VOX, formação partidária com a qual o PP mantém uma “relação de normalidade democrática” para “proteger a nação e defender a constituição”. “A relação de colaboração manter-se-á”, assegurou o popular.

Apesar de se colocar à disposição do Rei para a investidura, o líder do PP reconheceu que existem “dificuldades” para obter a maioria absoluta. “Nenhum partido dispõe de maioria absoluta”, disse, ressalvando, contudo, que os “espanhóis converteram o PP no partido mais votado”, embora “o outro grande partido da nação” — o PSOE — persista em “ignorar” essa informação.

No ataque a Pedro Sánchez, o líder popular acusou o socialista de “ignorar 11 milhões de votos”: “O PSOE quer converter com os que ganharam as eleições em perdedores e os que perderam as eleições em vencedores”. Numa crítica ao adversário devido às cedências que terá de fazer às forças independentistas, Alberto Núñez Feijóo indicou que “o PSOE quer impor uma amnistia, um referendo de independência e deseja oficializar a desigualdade entre espanhóis”.

“Não tenho garantido que vou ser candidato sequer, mas vou defender a opção de que não haja um bloqueio e que haja uma alternativa de governo”, afirmou o líder do PP, salientando que a sua proposta de governação tem como “pilares básicos” a “defesa da constituição, do Estado autonómico, da preservação dos poderes e respeito às sentenças judiciais”. “Penso que é o que quer boa parte dos espanhóis”, concluiu.

Sánchez não atira a tolha ao chão e garante que PSOE tem apoios para formar governo

Poucos minutos após o apoio de Santiago Abascal ao PP, o chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, desvalorizou essa hipótese e indicou que o PSOE é o partido que conseguirá formar governo. “Estamos em condições de garantir a investidura”, afirmou numa conferência de imprensa, tendo dito que comunicou ao Rei que é capaz de “articular uma maioria parlamentar exigida para a formação de um governo progressista”.

Lembrando o “contexto internacional complexo”, Pedro Sánchez manifestou-se disposto a desempenhar a “tarefa” de governo Espanha nos próximos anos. As eleições de 23 de julho e a eleição para a Mesa do Congresso — que deram uma primeira vitória aos socialistas com a eleição de Francina Armengol — deixaram claro, de acordo com o líder do PSOE, uma “evidência”: “Só há uma maioria parlamentar possível: é uma progressista liderada pelo PSOE”.

“Os que propuseram derrotar a atual proposta não obtiveram os votos para materializar a sua opção. Fracassaram e foram derrotados nas urnas”, atirou Pedro Sánchez, que indicou que os “esforços” da direita para “materializar uma investidura” são “legítimos”, mas são “insuficientes”.

Mandando uma mensagem ao Rei Felipe VI, Pedro Sánchez disse que não vai hostilizar a decisão do monarca, mesmo que esta seja que Alberto Núñez Feijóo deverá tentar formar governo. “O Chefe de Estado conta com o respeito e o apoio do PSOE”, assinalou. “O PSOE continua fiel ao que diz a Constituição e ao que decide o Chefe de Estado.”

Sobre os apoios dos independentistas, o socialista garantiu que o PSOE é o partido que conseguiu pacificar o país, “após uma crise” gerada pelos populares — e que por isso merece o voto de confiança daqueles partidos, que, até ao momento, ainda não estão garantidos.