Marcelo Rebelo de Sousa chegou a Kiev, de comboio, às 5h36 (hora de Lisboa) desta quarta-feira para uma visita de dois dias à Ucrânia que incluirá um encontro com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. O programa da visita do presidente português será, como acontece com todos os chefes de Estado, limitado por razões de segurança. O chefe de Estado estará assim presente no país no dia da Ucrânia, considerada uma data de particular risco porque marca a independência face a Moscovo.

E, à chegada, ainda na estação de comboios, o Presidente fez questão de falar sobre isso mesmo. Em resposta a uma jornalista ucraniana, afirmou que estava em Kiev para participar no Dia da Independência e lutar pela “integridade territorial” e pela “liberdade” do povo ucraniano. “As vossas fronteiras são as nossas fronteiras, e vossa luta é a nossa luta”, disse o chefe de Estado.

Antes ainda já tinha afirmado que “Portugal é o país Europeu que mais está ao lado da Ucrânia”, citando dados do Eurostat sobre o apoio da população portuguesa àquele país. E sublinhou a esse propósito os três objetivos da sua visita.

Em primeiro lugar “dar continuidade à presença portuguesa”, após primeiro-ministro e Presidente da Assembleia República, para mostrar a sua solidariedade de Portugal “em todos os domínios: político, diplomático, humanitário, militar, tudo o que seja fundamental”. O segundo objetivo, explicou, é o de “participar na comemoração do Dia da Intendência. Um dia muito especial, este ano ainda mais especial, num momento em que há uma contra-ofensiva ucraniana para recuperar aquilo que é o seu território, a afirmação da sua soberania”. Em terceiro lugar, Marcelo tem na agenda a “participação numa cimeira que reafirma a posição de Portugal sobre a Crimeia. “Nunca admitimos que a Crimeia deixasse de fazer parte do território ucraniano. É uma posição da política externa portuguesa”.

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Na comitiva do Presidente da República seguiu o antigo ministro e ex-presidente da câmara de Lisboa, João Soares, que em 2005 publicou a obra bilingue (em russo e português) “Bem-vindos amigos ucranianos“, um texto sobre a luta pela democracia no país que aborda também a imigração em Portugal. Marcelo convidou ainda o historiador e fundador da Ephemera, José Pacheco Pereira, e o comentador político e empresário da área dos media, Luís Delgado, para acompanhar a visita.

Aos jornalistas, Marcelo transmitiu ainda outras duas ideias às primeiras horas da manhã: a de que o Estado português ainda não ajudou mais na reconstrução de escolas porque espera “normalização” no terreno. E a de que admite que a Marinha portuguesa possa participar na desminagem do Mar Negro e do Mar de Azov.

O Presidente da República vai entregar a Volodomyr Zelensky uma condecoração (a Ordem da Liberdade) que anunciou em fevereiro deste ano, mas que prometeu atribuir pessoalmente ao presidente ucraniano.