Os Emirados Árabes Unidos criaram uma autoridade federal para potencialmente gerir uma lotaria nacional e o que descrevem como “jogo comercial”, um sinal de que estão prestes a permitir a exploração de casinos.

A agência de notícias estatal WAM anunciou no domingo a criação da Autoridade Reguladora Geral do Jogo Comercial, sem dar muitos pormenores sobre a estrutura ou funcionamento.

A agência nomeou Kevin Mullally como diretor executivo. Em tempos, Mullally foi diretor executivo da Missouri Gaming Commission, que supervisionava os casinos fluviais desse estado norte-americano. “Espero estabelecer um órgão regulador robusto e uma estrutura para a indústria da lotaria e do jogo dos Emirados Árabes Unidos”, afirmou Mullally.

Também foi nomeado Jim Murren como presidente do conselho de administração da autoridade. Os meios de comunicação social do Nevada, onde se situa a cidade do jogo de Las Vegas, identificaram Murren como um antigo presidente e diretor executivo da MGM Resorts International, que também gere casinos nos Estados Unidos e na região chinesa de Macau.

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Descrevendo a autoridade, a WAM disse que “criaria um ambiente de jogo socialmente responsável e bem regulamentado, garantindo que todos os participantes aderissem a diretrizes rigorosas e cumprissem os mais altos padrões”.

Um telegrama diplomático norte-americano de 2004, divulgado pelo WikiLeaks, especulava que os planos do Dubai para a construção de um casino tinham sido “congelados por deferência” para com o falecido xeque Zayed bin Sultan Al Nahyan, o primeiro líder do país após a unificação em 1971.

Mas, nos últimos anos, os rumores sobre os casinos não pararam de crescer. O famoso navio britânico Queen Elizabeth 2 abriu como hotel no Dubai em 2018, após mais de 100 milhões de dólares (92,7 milhões de euros) em reparações, mantendo, ‘slot machines’ no seu interior, ainda que desativadas. O hotel Caesars também abriu em 2018. E estão em curso obras de construção de projetos para as empresas de casinos MGM, Bellagio e Aria.

Em 2022, o emirado Ras al-Khaimah, o mais setentrional dos Emirados Árabes Unidos, anunciou um acordo multimilionário com o gigante dos casinos de Las Vegas e Macau, Wynn Resorts.

As autoridades de Ras al-Khaimah recusaram-se repetidamente a descrever diretamente o hotel como tendo jogos de azar, embora o Wynn tenha descrito o projeto como envolvendo a “gestão subsequente de uma estância integrada”. O termo “estância integrada”, nascido em Singapura, refere-se a um hotel que inclui um casino e outras comodidades.

A criação de uma autoridade federal sugere que Abu Dhabi, a capital do país, irá supervisionar a potencial exploração de casinos. No entanto, esta federação de sete xeques coloca o poder absoluto nos governantes locais dos seus sete emirados, nomeadamente em matéria social. O emirado de Sharjah, por exemplo, proíbe a venda de álcool. As operações dos casinos podem seguir o mesmo padrão.

No entanto, os casinos e as grandes quantidades de dinheiro que geram aumentam o risco de branqueamento de capitais. Vendedores de armamento, financiadores do terrorismo e traficantes de droga sancionados pelos Estados Unidos já nos últimos anos utilizaram o mercado imobiliário do Dubai como refúgio para os seus bens.