Parecia quase uma trilogia inevitável que tinha ainda em falta o seu último vértice. Já depois de um primeiro comunicado do Benfica ainda na noite de domingo a criticar a forma como foram concedidos mais de 20 minutos de descontos na receção do FC Porto ao Arouca ao mesmo tempo que recordava uma expulsão de Eustáquio que teria sido perdoada na jornada anterior em Vila do Conde e de uma missiva do FC Porto onde explicava o porquê de ir apresentar um protesto formal do jogo tendo em vista a sua anulação por aquilo que entendeu ser uma “má conduta da equipa de arbitragem” (além de um outro texto onde contrariava a FPF e o Conselho de Arbitragem dizendo que não houve qualquer falha de energia na situação do VAR), também o Sporting publicou no site oficial as suas consideração tendo como tema o encontro dos dragões.

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Neste caso em específico, os leões apontaram às três simulações que entende terem havido no decorrer do período de descontos por parte de Taremi (sem referirem o nome do avançado internacional iraniano ao longo do texto de forma direta), e que se fossem consideradas como tal levaria a uma expulsão por acumulação de amarelos, voltou a pedir outra proteção aos árbitros e elogiou o anúncio de que nos próximos dias haverá o primeiro programa onde serão reveladas as comunicações existentes entre as equipas de arbitragem e o VAR. “Para que o mal triunfe basta que os bons fiquem de braços cruzados”, diz.

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“O Sporting emite este comunicado em nome da urgência de ação necessária para a recuperação da imagem do futebol português. Os caricatos contornos que o jogo de ontem [domingo] entre FC Porto e FC Arouca atingiu empurraram o futebol português para uma chacota internacional que não merece, e à qual acresce a agravante de terem por base um comportamento recorrente, por parte de atores recorrentes, num papel repetitivo. Apesar da inegável qualidade técnica dos jogadores intervenientes, assistimos, jogo após jogo, ao mesmo modus operandi de sempre”, começa por apontar o texto publicado no sítio dos leões.

“Em período de descontos, todos tiveram a oportunidade de constatar três simulações de faltas inexistentes e passíveis de provocar uma decisão errada da equipa de arbitragem. É um comportamento antidesportivo que evidencia uma total falta de respeito pelos árbitros e restantes jogadores. Comportamento que tem de ser sancionado de imediato, conforme determinado nos regulamentos e nas Leis do Jogo, e que não pode subsistir numa competição sã. Perante as imagens dos lances em questão, não duvidamos que um jogador deveria ter sido expulso por acumulação de amarelos neste jogo, tal como deveria ter sido expulso em muitos outros em que faz o mesmo”, aponta, sem nomear aquele que era o destinatário da crítica: Taremi.

“Sofrem as equipas de arbitragem. Sofre a credibilização do futebol português, tornando impossível a valorização de mesmo. É também urgente escrutinar ao ínfimo detalhe o porquê de uma falha de corrente elétrica no VAR num período tão crucial para o desfecho do jogo. Para evitar que os árbitros sejam negativamente influenciados por um clima de pressão e intimidação que não pode ser normalizado, que restantes jogadores, equipas técnicas, e dirigentes criam de forma reincidente jogo após jogo, ano após ano, é necessário punir devida e seriamente estes comportamentos. É a única forma de proteger os árbitros e a arbitragem. O Sporting optará sempre por defender a integridade do jogo, lutando pelo fim de todos e quaisquer comportamentos que não contribuam para facilitar o cumprimento das regras”, prossegue.

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“É a nossa forma de estar e viver o desporto. Deveria ser a de todos. Ficámos sozinhos quando apresentámos a proposta de divulgação dos áudios do VAR. E ficou o futebol português sozinho num caminho que já foi seguido por outros países com comprovado sucesso. É por isso com enorme satisfação que felicitamos a decisão anunciada hoje pelo Conselho de Arbitragem de, finalmente, divulgar as comunicações mensalmente. Esperamos que no futuro sejam em tempo real como no rugby. E é com igual anseio que aguardamos os avanços da nossa proposta da criação de um órgão independente de arbitragem. Apelamos a todos os aqueles que no mesmo se revejam, que se unam pelo mesmo desígnio”, conclui o comunicado do Sporting.

De recordar que, logo após o encontro, o Benfica emitiu um comunicado onde considerou ser “urgente afinar critérios e garantir a transparência” a propósito do período de compensação. “É preciso que de uma forma clara e objetiva se apresentem as razões para 17 minutos de descontos no jogo FC Porto-Arouca. E que se explique, igualmente, que mais justificações existem para deixar o jogo prosseguir até aos 22 minutos de tempo extra para lá dos 90! O golo do empate não só surge para lá dos descontos atribuídos, como não são dissipadas as dúvidas quanto à posição do avançado que o marca. Qual a razão? Qual o motivo para que a transmissão da Sport TV não tenha mostrado essas imagens?”, criticaram os encarnados.

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“Já na jornada passada assistimos a critérios distintos na aplicação de amarelos e vermelhos aquando da partida Rio Ave-FC Porto, com um perdão inexplicável – toda a crítica foi unânime – da expulsão do jogador Eustáquio, ainda a partida não tinha atingido os dez minutos. Não esquecemos a expulsão de Musa, no Bessa, em que foram aplicadas as regras do Conselho de Arbitragem, na defesa da integridade física dos jogadores, mas pergunta-se: o rigor não tem de ser extensível a todos? É importante que, de uma vez por todas, se afinem os critérios e haja total equidade e transparência”, acrescentaram ainda os encarnados.