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Roman Kostenko, um comandante condecorado e político ucraniano, pediu a Volodymyr Zelensky para intervir no caso de um soldado britânico condenado a 12 meses num centro de detenção militar no Reino Unido, depois de ter abandonado a sua unidade militar, destacada na Estónia para a Operação Cabrit da NATO, e juntar-se à legião estrangeira na Ucrânia, ajudando a defender o país invadido pela Rússia.

Depois de fugir do regimento, em março de 2022, Alexander Garms-Rizzi, 21 anos, passou seis meses na linha da frente, junto à cidade de Mykolaiv — enviou uma mensagem à sua unidade admitindo ter cruzado a fronteira para se juntar às forças ucranianas. De acordo com o jornal inglês The Guardian, em julho do mesmo ano, tornou-se no primeiro soldado britânico a ser preso por abandonar o exército e alistar-se nas forças armadas da Ucrânia.

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Na carta dirigida a Zelensky, Kostenko, que é deputado de um partido pró-europeu ucraniano e presidente da comissão de inteligência do parlamento, descreveu o soldado, que serviu sob as suas ordens, como corajoso.

“Tive a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente no campo de batalha e observar como ele, como parte de um grupo, defendeu as nossas terras de forma abnegada e corajosa. Apesar da pouca idade, e, na altura com 19 anos, compreendeu a importância estratégica de defender a Ucrânia”, escreveu o comandante. “Peço-lhe que apele à liderança do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte com um pedido para considerar a possibilidade de perdão.”

“Eles são representantes de países democráticos. Isto é mais importante para nós do que Himars ou foguetes”

O comandante das forças especiais ucranianas reconhece, na carta que dirige ao presidente ucraniano, que Garms-Rizzi cometeu um erro ao violar a lei militar do Reino Unido, mas considerou a escolha moralmente justificável. “A sua escolha foi a correta, do ponto de vista humanitário“, disse Kostenko.

“Será mau para a Grã-Bretanha se a Ucrânia perder esta guerra. Quando voluntários do Reino Unido e dos Estados Unidos estão connosco no campo de batalha, sentimos que o mundo inteiro nos apoia. Eles são representantes de países democráticos. Isto é mais importante para nós do que Himars [artilharia de longo alcance] ou foguetes”, escreveu ainda.

Além de apelar a Zelensky, o comandante já levou o caso a Boris Johnson, ex-primeiro ministro do Reino Unido, que esteve em Kiev a propósito de uma conferência internacional.

O soldado serviu sob o comando de Kostenko, tendo sido um dos dez voluntários estrangeiros que, na primavera de 2022, ajudaram a repelir um avanço russo em Mykolaiv.

“Ele [o soldado] chegou logo após a invasão em grande escala. Mesmo sendo jovem, ele é um soldado talentoso”, disse Kostenko. “Ele falava russo fluentemente e atuava como tradutor. Ele partilhou connosco a sua experiência militar, inclusivamente sobre como usar armas de fabricação estrangeira”, cita o inglês The Guardian.

Garms-Rizzi, que tem ascendência russa do lado da mãe, viveu até aos 12 anos neste país, tendo muitos amigos ucranianos. Foi detido em setembro de 2022 pelas autoridades no porto de Dover, cidade no Reino Unido.

“A minha mãe é russa. Se eu voltar para a Rússia [para vê-la], serei condenado ao Gulag. Não consigo ver ninguém na Rússia. [Fui para a guerra na Ucrânia] os meus amigos estavam a ser mortos. Tenho amigos ucranianos da escola, que conheci na Rússia. Acho que fiz a coisa certa”, declarou o soldado, em tribunal militar, citado pelo Telegraph.

A justiça não cedeu: “Aqueles que servem não têm escolha sobre as ordens legais a que obedecem. A ordem para não ir à Ucrânia não poderia ter sido mais clara. A ordem existia para proteger as forças britânicas e o Estado de serem arrastados para o conflito”, declarou o juiz, que considerou as suas ações “deliberadas e premeditadas”, ponto em risco a segurança do país.