Muitas vezes ouve-se que não é bom regressar ao local onde já se foi feliz. Aqui, neste caso, o adágio não se aplica. Longe disso. E o reencontro de Miguel Oliveira com o Circuito Internacional de Mandalika, onde no último ano teve uma estreia de sonho com a vitória numa serenata à chuva, dificilmente poderia ser melhor (pelo menos nesta fase): após uma primeira sessão de treinos livres longe das decisões e com uma queda pelo meio, o piloto português fez o sétimo melhor tempo da qualificação e voltou a assegurar passagem direta à Q2 um mês e meio depois (com São Marino, Índia e Japão pelo meio) daquele que foi o melhor registo da época, um terceiro lugar e consequente saída da primeira linha no Grande Prémio da Catalunha.

Não é para quem quer, é para quem pode: Miguel Oliveira faz história em Mandalika e vence Grande Prémio da Indonésia

“No ano passado tive um bom fim de semana de forma geral e mesmo com o piso seco estava com um bom ritmo e sentia-me confortável. Depois acontece que cliquei nas condições molhadas e fiz a minha corrida na primeira metade, com o arranque a ser crucial. É um prazer voltar a uma pista onde ganhei no passado mas a situação hoje é um pouco diferente. Estou simplesmente a querer voltar à minha forma normal depois de dois fins de semana não tão bons, voltar a ter uma boa velocidade”, tinha comentado o piloto português na antecâmara do primeiro dia em pista na Indonésia, momento marcado também pelas notícias em torno do interesse da Honda em assegurar o português para ocupar a posição aberta com a saída de Marc Márquez.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Foi apenas uma abordagem mas com nada de concreto”: Miguel confirma contacto da Honda, Aprilia recusa saída do português

“Não espero que o nível de aderência seja baixo, a pista parece-me bem. É verdade que ao olhar para ela parece um pouco suja mas não penso que vá ser pior do que no Qatar. Quando começarmos os testes, creio que vai melhorar durante o fim de semana e não espero quaisquer problemas com a aderência. Talvez a linha seja bastante estreita e tenhamos de ter mais atenção em sair da trajetória, mas não existe também uma razão específica pela qual não tenhamos de acreditar que a moto vai funcionar bem aqui. Estou desejoso para experimentar”, acrescentou ainda o número 88, que reencontrou o fã número 1, um funcionário do hotel onde ficou em 2022, que ficou como uma das imagens da corrida ganha em Mandalika no ano passado.

Ainda assim, as primeiras indicações não foram as melhores numa sessão inicial de treinos livres que se tem tornado cada vez menos representativa daquilo que os pilotos conseguem na verdade fazer. Miguel Oliveira, que rodava com um dos melhores tempos, teve uma queda sem consequências na curva 11 e acabou depois por não fazer muito mais voltas, acabando com o 19.º registo da manhã onde Jorge Martín foi o mais rápido e houve mais idas ao asfalto, incluindo do italiano Marco Bezzecchi, uma das curiosidades nesta prova após ter sido operado à clavícula durante a semana (também aqui numa queda sem aparentes queixas).

Na qualificação, a história foi outra: o português conseguiu desde cedo mostrar que estava com um ritmo de top 10 e acabou por confirmar essas indicações, regressando a uma Q2 direta três corridas depois do êxito conseguido no apuramento na Catalunha (em São Marino esteve na Q2 mas após ser o mais rápido na Q1, na Índia e no Japão não passou da sexta linha da grelha) com o sétimo tempo da sessão, de 1.31,199. A Aprilia esteve em particular destaque ao longo de uma qualificação com calor e pista seca, colocando Aleix Espargaró (1.30,474) e Maverick Viñales (1.30,628) das duas primeiras posições à frente de Marco Bezzecchi (1.30,644), Brad Binder (1.30,762), Jorge Martín (1.30,874) e Marc Márquez (1.31,106). Conseguiram ainda a passagem direta à Q2 Fabio Di Giannantonio (1.31,207), Jack Miller (1.31,216) e Fabio Quartararo (1.31,229), com Pecco Bagnaia a ser a grande deceção do dia ao não passar de um modesto 16.º lugar (1.31,635).