Para uns a distância não passa de um quilómetro, para outros chega aos 1.200 metros. Dérbi que é dérbi tem sempre um ambiente especial, mas quando chegamos a Liverpool e vemos dois rivais diretos com os estádios separados por uma quantidade de passos que nem chega a ser suficiente para lançar um alerta no telefone de que foi feito exercício percebemos que estão mesmo praticamente lado a lado. O Everton já chegou um dia a jogar em Anfield, o estádio do Liverpool, assim como o Liverpool já chegou um dia a vestir de azul, a cor do Everton (aliás, até se chamava nessa altura Everton Athletic). Apenas mais alguns capítulos de uma história longa mas que tem em cada duelo um contexto diferente, sendo que a equipa teoricamente mais forte, neste caso os reds, aparecia numa fase menos conseguida do que os toffees em termos de Premier League.

Um literal afundanço na defesa à zona (agora sem direito a repetição): Salah bisa mas Liverpool empata com Brighton

Depois de um início com cinco vitórias seguidas na sequência do empate a abrir em Londres com o Chelsea, o Liverpool chegava ao dérbi de Merseyside com dois jogos sem ganhar entre a derrota com o Tottenham nos descontos com a equipa reduzida a nove jogadores e o empate com o Brighton. Os pontos cedidos pelo City e pelo Arsenal acabaram por não causar danos de maior, mas o conjunto de Jürgen Klopp necessitava de voltar às vitórias numa altura em que tem várias baixas por lesão além dos jogadores que tinham chegado há pouco tempo dos jogos da seleção. Quase em contraponto, o Everton, que esteve muito próximo de fazer o pior início de sempre no Campeonato, chegava a Anfield com dois triunfos nos últimos três encontros, incluindo a vantagem mais confortável numa partida esta temporada com o 3-0 na receção ao Bournemouth.

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Como não poderia deixar de ser, jogo grande em Inglaterra voltava a contar com portugueses, desta vez com Diogo Jota a ocupar lugar no eixo do ataque do Liverpool (Darwin Núñez começou de fora) e com Beto, João Virgínia e Chermiti no banco do Everton dirigido por Sean Dyche. No entanto, o grande destaque com uma maior ligação nacional acabou por ser outro. Luis Díaz, que vinha de dois encontros desgastantes na América do Sul pela Colômbia onde até falhou uma grande penalidade (contra o Equador), “disfarçou” uma exibição menos conseguida do conjunto de Jürgen Klopp com mais um jogo a desequilibrar pela esquerda onde sofreu as duas faltas que “expulsaram” Ashley Young, ganhou o penálti com que Salah decidiu a partida no jogo 150 em Anfield (com 105 golos…) e mostrou que é cada vez mais um jogador imprescindível nos reds.

O primeiro sinal de perigo até veio do Everton logo nos segundos iniciais, com Calvert-Lewin a subir mais alto do que Van Dijk para um cabeceamento que ficou nas mãos de Alisson, mas foi o Liverpool a tomar conta do encontro ainda que sem criar muitas oportunidades de golo. Houve um remate de Luis Díaz desviado por Ashley Young para canto, uma tentativa de Salah que saiu por cima, mais uma meia distância de Mac Allister que passou mais perto do alvo mas também sem sucesso. Entre tudo isso, o momento mais importante foi mesmo o segundo cartão amarelo ao veterano Ashley Young na sequência de mais uma falta dura sobre Luis Díaz que deixou os toffees reduzidos a dez unidades e colocou de vez o jogo numa via de sentido único.

Cada paragem, cada falta sofrida ou cada paragem para assistência era uma oportunidade de ouro para dar fôlego ao Everton mas a verdade é que não se viu aquele Liverpool capaz de ligar o rolo compressor e criar oportunidades de golo. Houve algumas tentativas de remate, quase todas a bater na muralha azul que se concentrava na área e arredores, mas nem as entradas de Harvey Elliott e Darwin Núñez mudaram esse cenário já com Beto em campo do lado dos visitantes a correr muitas vezes para nada. Havia Díaz. Sobrava Díaz. Tudo o que havia de bom dos reds vinha do colombiano, para quem o cansaço é uma figura decorativa. E foi assim que o Liverpool chegou à vantagem, com Salah a converter uma grande penalidade “ganha” pelo antigo jogador do FC Porto num cruzamento cortado com a mão por Michael Keane (75′). Até ao final, Chermiti entrou aos 87′ e a grande oportunidade chegou pelos pés de Elliott, num remate desviado para a trave por Pickford antes de Salah bisar num contra-ataque após assistência de Darwin (90+7′).