O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou esta terça-feira que a Rússia está a retirar-se gradualmente da Crimeia, devido às ações das Forças Armadas ucranianas e apesar de Moscovo ter criado a “ilusão de domínio intransponível” na península.

A liderança russa foi forçada a anunciar a criação de uma nova base para a Frota do Mar Negro — ou o que resta dela — no território ocupado da Geórgia, na parte sudeste, o mais longe possível dos mísseis e drones navais ucranianos”, disse Zelensky num discurso online durante a segunda cimeira parlamentar da Plataforma Internacional da Crimeia, realizada em Praga.

O líder ucraniano indicou que Moscovo não tem uma base segura ou uma rota logística para as suas tropas na Crimeia, península anexada ilegalmente pela Rússia em 2014, bem como nas partes ocupadas das costas do Mar Negro e do Mar de Azov, segundo o relato da agência de notícias Ukrinform.

Da mesma forma, destacou que os “sentimentos pró-ucranianos” estão a colocar a liderança russa em xeque, uma vez que “os habitantes da Crimeia estão cientes de que a Rússia irá partir”.

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“A fraqueza da Rússia é cada vez mais evidente face ao medo do povo ocupado”, declarou Zelensky, ressalvando que, até agora, as forças de Kiev não conseguiram o controlo total das operações militares na Crimeia e águas adjacentes, mas que isso será uma questão de tempo.

Zelensky também aproveitou o seu discurso na cimeira para referir que novas rotas foram abertas para a exportação de cereais ucranianos que estavam bloqueados pela frota russa no Mar Negro, depois de Moscovo ter abandonado a sua participação num acordo internacional, mediado pelas Nações Unidas e Turquia, sobre o trânsito seguro de mercadorias na região.

“Desde que inaugurámos o novo corredor de cereais do Mar Negro, cerca de 50 navios chegaram para carregamento”, detalhou o Presidente ucraniano.

A Ucrânia, a Polónia e a Lituânia chegaram a acordo no início de outubro sobre um corredor para o trânsito de cereais ucranianos para os portos do Báltico, depois da suspensão de Moscovo da Chamada Iniciativa de Cereais do Mar Negro.

Embora o acordo esteja suspenso desde julho, a Ucrânia tem promovido a saída de navios dos portos ucranianos.

Parlamentares de mais de 40 países assinaram esta terça-feira em Praga uma declaração conjunta na qual apoiam o plano de paz do Presidente ucraniano, que inclui a restituição à Ucrânia da Crimeia, ilegalmente anexada pela Rússia em 2014.

“Apoiámos a fórmula de paz do Presidente Zelensky”, disse Marketa Pekarova, líder da câmara baixa do parlamento checo e anfitriã da segunda cimeira parlamentar da Plataforma Internacional da Crimeia, que terminou esta terça-feira em Praga.

O documento da declaração conjunta, que foi redigido por Pekarova, assegura “apoio esmagador” à libertação e integração da península da Crimeia na Ucrânia.

A Plataforma Internacional da Crimeia foi criada no verão de 2021 por iniciativa de Zelensky e visa coordenar todos os esforços nacionais e internacionais para devolver a península à soberania ucraniana.

O texto condena ainda a “responsabilidade da Rússia pelo impacto da guerra” na Ucrânia, invadida pelas forças de Moscovo em fevereiro de 2022 no âmbito de uma ofensiva que já dura há mais de 600 dias, e especificamente na esfera dos direitos humanos e do ambiente, tanto na Crimeia como nos territórios anexados do leste e sul do país.