A Ordem dos Médicos (OM) disse esta quinta-feira que “não haverá urgência de cirurgia” no hospital de Portalegre “em cerca de 20 dos 30 dias deste mês”, mas a direção clínica alude a “constrangimentos graves” no serviço.

Contactado pela agência Lusa, o presidente da Sub-região de Portalegre da OM, Hugo Capote, explicou que em “cerca de 20 dos 30 dias deste mês de novembro só vai haver um cirurgião em todo o hospital” para dar “apoio aos doentes que estão internados”.

“Nesses dias, não há ninguém que veja os doentes que chegam à urgência cirúrgica externa e, nos outros, haverá porque contrataram médicos externos”, precisou.

Segundo o representante da OM, nesses “cerca de 20 dias”, no Hospital Dr. José Maria Grande, em Portalegre, “qualquer doente que chegue e precise de cirurgia terá de ser transferido para outro hospital”.

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Por isso, alertou, “os utentes não se devem dirigir” ao hospital de Portalegre, caso necessitem de cirurgia urgente, “porque vão perder tempo”.

Em comunicado enviado esta quinta-feira, a Sub-região de Portalegre da OM informou a população daquele distrito que, “na maior parte dos dias do mês de novembro não haverá urgência de cirurgia no hospital de Portalegre” e aconselhou a população a “procurar outra unidade hospitalar mais próxima” do local de residência.

Esta decisão surge na sequência da indisponibilidade dos médicos do Serviço de Cirurgia Geral do hospital de Portalegre para realizarem mais horas extraordinárias, e não se verificando acordo entre os sindicatos médicos e o Ministério da Saúde.

Em declarações à Lusa, Vera Escoto, diretora clínica do hospital de Portalegre, pertencente à Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano (ULSNA), reconheceu “constrangimentos graves” nas urgências cirúrgicas, este mês.

De acordo com a clínica, à data desta quinta-feira, “estão assegurados 13 dos 30 dias do mês com urgência externa de cirurgia” durante as 24 horas, enquanto a urgência interna de cirurgia — ou seja, um cirurgião no internamento nas 24 horas do dia para alguma situação urgente — “está garantida todo o mês”, disse.

“Nesses 13 dias, tenho uma equipa completa, com dois cirurgiões, e consigo ter a urgência externa e interna abertas. Nos outrosem que teremos só um cirurgião, no internamento, haverá grandes constrangimentos e a maioria dos doentes que necessitem de cuidados cirúrgicos urgentes poderão ter de ser transferidos para outra unidade”, explicou.

A diretora clínica indicou que, em caso de necessidade, os utentes serão transferidos “para o Hospital de Santa Luzia, em Elvas”, também da ULSNA, ou para outra unidade da rede hospitalar, mas escusou-se a admitir qualquer fecho das urgências cirúrgicas em Portalegre.

“Estamos a funcionar em rede e temos triagem e cirurgião, que dirá se o doente é para internar ou se é para operar e, aí — nos dias em que não houver equipa completa — ele envia-o para outra unidade hospitalar para ser operado. Se for uma situação de risco de vida, até poderá ser chamado um colega de cirurgia, caso seja necessário”, admitiu.

Alertando tratar-se de “uma situação dinâmica”, Vera Escoto referiu que, para garantir dias de escala este mês para a urgência, já conseguiu “arranjar médicos prestadores de serviços, mas não para todos os dias, nem para todos os turnos”, embora continue a tentar: “Ainda estou à procura de colmatar falhas”.

Mas, devido aos constrangimentos, “a população deve sempre ligar para a Linha Saúde 24 antes de se dirigir à urgência do hospital”, avisou a diretora clínica.