Foi a procuradora-geral Lucília Gago a tomar a decisão de incluir parágrafo que revelava uma investigação criminal contra António Costa no comunicado da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a Operação Influencer tornado público a 7 de novembro.

Segundo o apurado pelo jornal Expresso junto de fontes judiciais, os três procuradores do DCIAP responsáveis pela investigação enviaram para a PGR “informações sobre o número e os locais das buscas, detenções e o que estava em causa no processo”. Este é um processo rotineiro entre as duas entidades, a diferença no caso que espoletou a crise política é a adição da procuradora-geral, que quis acrescentar informação à que tinha sido transmitida pelos procuradores.

Marcelo diz que chamou Lucília Gago a Belém a pedido de António Costa

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No entender de Lucília Gago, o texto tinha de referir as suspeitas que recaem sobre o primeiro-ministro. Como apurou o Expresso, com base na consulta das fontes judicias já citadas, a procuradora-geral temeu que o Ministério Público pudesse ser acusado de estar a proteger António Costa quando se soubesse que este estava a ser investigado por um procurador do Supremo Tribunal de Justiça e decidiu avançar essa informação.

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A participar nas cerimónias de celebração dos 50 anos de independência da Guiné-Bissau, Marcelo Rebelo de Sousa falou aos jornalistas esta quinta-feira e atribuiu a António Costa a iniciativa de chamar Lucília Gago a Belém no dia 7 de outubro. “O senhor primeiro-ministro já esclareceu que pediu para eu pedir o encontro à senhora procuradora-geral da República. Mais do que isso não posso dizer”, afirmou o Presidente da República, após ter sido questionado diretamente sobre quem incitou o encontro que decorreu entre as duas altas figuras do Estado que precedeu a demissão de António Costa.