As redes sociais, em particular o TikTok, desencadearam uma onda de furtos a modelos da Hyundai e da Kia, com uma catadupa de vídeos a demonstrar a facilidade com que alguns modelos destas duas marcas são roubados, por não estarem equipados com imobilizadores. A moda, que teve um “pico” em 2021, não tardou a chegar à justiça. Ora, na passada semana, um juiz distrital dos EUA determinou que o processo movido pelas seguradoras contra os dois fabricantes não caía por terra, como era a pretensão da Hyundai e da Kia. À conta disso, segundo a Reuters, os dois fabricantes podem ter que vir a desembolsar mais de 1000 milhões de dólares para compensar as seguradoras que, por sua vez, alegam ter que fazer face a despesas com os segurados cujos veículos foram roubados ou danificados no processo.

Os Kia mais vulneráveis aos amigos do alheio são os produzidos a partir de 2011, enquanto na Hyundai o problema remonta a 2015. De acordo com a referida agência noticiosa, em causa estarão nada menos que 14,3 milhões de viaturas, fabricadas entre 2011 e 2022. “Embora (as seguradoras) tenham recebido prémios, os réus supostamente não incluíram qualquer dispositivo anti-roubo conforme exigido pelas regulamentações federais”, deliberou o juiz James Selna, em Santa Ana, na Califórnia. “Assim, a culpabilidade recai quase inteiramente sobre os réus.”

Ao que o Observador apurou, junto de fonte conhecedora do grupo sul-coreano, esta situação é exclusiva do mercado norte-americano, onde os automóveis são mais baratos e onde, eventualmente, os construtores podem tentar poupar no equipamento que não é imposto pelo quadro legal local. Ao que nos asseguraram, em Portugal não houve episódios deste tipo que chegassem ao conhecimento das marcas visadas e, aparentemente, não houve sequer necessidade de proceder a qualquer recall.

O mesmo não aconteceu do outro lado do Atlântico, onde, apesar de os fabricantes que estão a ser acusados assegurarem que cumprem os standards federais de segurança e de protecção anti-roubo, acabaram por instalar software nesse sentido num milhão de carros e chegaram a um acordo preliminar de 200 milhões de dólares, a 31 de Outubro, como desfecho de uma acção colectiva que deverá compensar os proprietários de cerca de 9 milhões de veículos sem imobilizador, físico ou electrónico. Daí que a reacção das marcas visadas tenha passado quer pela oferta de travas de volante, quer pela actualização do software. Para os roubos, chegaram a ser utilizadas ferramentas que qualquer um tem em casa, como uma chave de fendas ou um cabo USB.

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